Quando Chego Num Rodeio

Rito de pertencimento em “Quando Chego Num Rodeio”

Mais do que narrar um evento, “Quando Chego Num Rodeio” transforma o rodeio em lar e rito de pertencimento. O refrão “me sinto em casa” resume esse orgulho sereno de ser gaúcho. Quando Baitaca canta “Pilchado a capricho, de pingo encilhado / De poncho emalado / Sombrero tapeado, pra um trago na guampa”, ele destaca símbolos centrais: a pilcha completa, o cavalo preparado, o poncho, o sombrero e a guampa do chimarrão. “Conservando a estampa do meu Rio Grande farrapo” acena à herança farroupilha e ao apego às raízes. “Bombacha bem larga, lenço colorado” reforça a vestimenta típica, enquanto “vai o meu tostado, a tirando o freio” é literal (soltar o cavalo castanho) e também soa como metáfora de liberdade ao pisar no chão do rodeio. O encontro com amigos e o “churrasco na brasa” completam a sensação de acolhimento.

A segunda parte abre o espaço dos costumes e das provas: “Tem trova / tem tiro de laço / também gineteada / Tem baile campeiro, de baixo da lona / Ronco de Cordeona / e pajada”. O rodeio aparece como centro vivo da cultura, unindo esporte, música e dança, valorizando a roda de amigos, o improviso (trova/pajada) e a lida campeira. “Lá se encontra os taura, só da cepa pura” reafirma respeito à coragem e à nobreza do campo. Na sequência, “depois de uma tertulia, do acampamento / tiro um sonolento numa cama de pelego” fecha o ciclo: festejo, prosa e descanso simples. A despedida — “se o patrão lá de riba nos permitir” — traz humildade e fé, lembrando que cada rodeio é celebração da cultura e do pertencimento que faz o narrador, sempre, “me sinto em casa”.