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Letra

    No olhar da fera o destino me espera
    O rugido feroz da multidão sedenta
    Razão de ódio que se revela
    Não me importa morrer nesta tormenta
    (Nesta doce tormenta)

    Os olhos turvos não enxergam o momento
    O executor se dirige com calma
    Sangue inocente na areia tão lento
    O alimento do crime que sacia a alma

    Primitiva, assim nasceu sua igreja
    Forjada com sangue e areia
    Numa chaga que ainda lateja
    No pão que é servido na ceia

    Minha carne padece de dor
    Gritos de êxtase em cada ferida
    Em meus ossos invade o torpor
    A vida se esgota em sua medida
    (Minha finita medida)

    Sinto o sangue que salga o meu torso
    Falta pouco pro encontro esperado
    Só desejo o alívio do corpo
    Minha alma clama pelo ressuscitado


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