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A Máquina de Escrever

Barão Vermelho

Letra

    Mãe, se eu morrer de um repentino mal
    Vende meus bens, a bem dos meus credores
    A fantasia de festivas cores que usei
    No derradeiro carnaval

    Vende esse rádio que ganhei de prêmio
    Por um concurso num jornal do povo
    E aquele terno novo ou quase novo
    Com poucas manchas de café boêmio

    Vende também meus óculos antigos
    Que me davam ares inocentes
    Não precisarei de suas lentes
    Para enxergar os corações amigos

    Sem ruído é mais provável que eu alcance o céu
    Vou penetrar e então provar seu mel
    No paraíso só preciso de um olhar
    Sem teu sorriso, outro sorriso para me enganar

    Mas poupa minha amiga de horas mortas
    Com teclas bambas, minha máquina de peças tortas
    Vende todas as grandes pequenezas
    Que eram meu íntimo tesouro

    Mas não ainda que ofereçam ouro
    Mas não ainda que ofereçam ouro
    Não vendas o meu filtro de tristezas


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