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Imigrante

Barroz

Letra

    Depois do muro, não pare (não pare)

    Que eu deixei tudo de valor vocês num vem botar um preço
    Que a solidão faz guarda tio, como eu esqueço
    Tipo lumumba só que dessa vez vai ser do avesso
    Cê pariu Mateus (vai) eu trouxe os berço

    Que eu vou chegar montado num orixá
    Pode deixa que eu vou levar lembrança
    De quando a gente era sua colônia
    Na boticário não vende essa fragrância

    Que hoje é dia de garfo cês tão dando sopa
    Que eu tô fugindo de uma guerra cês me bota outra
    Vento de popa e quem tem Roma é que vai a boca
    Que eu vou mudar de vida só com uma muda de roupa

    200 cabeça num bote
    Na cvc não vende esse pacote
    Alto mar, alto lá, direto na caixa forte
    Que eu sigo um farol de fé, atraco na sorte

    Que essa é da poupa, fruto do ódio
    Cês quer meu ouro? Então vem buscar no pódio
    Que seus arame farpado já nem me fere
    Na Netflix não tem dessa série

    Ronco de fome, mas num vou comer essa conversa
    Quer me comprar com espelho tio? Já cai nessa!
    Vamo brincar de colonização reversa
    Cê faz fronteira (nós atravessa)

    Vou tá um nojo, todo na beca
    Em cada esquina vai brotar uma meca
    Cês vão dança meu hit na sua discoteca
    Que eu vou encher de livro sua biblioteca

    Que eu paguei um coyote em Sinaloa
    Eu vi a morte bem de perto
    Que eu esperava um oásis tio
    Mas já faz tempo que isso é só deserto

    Depois do muro, meu bem não pare
    Não escute ninguém, melhor nem fale (só corre, socorre)
    Depois do muro, meu bem não pare
    Não escute ninguém, melhor nem fale (só corre, socorre)

    Cês que meu visto? (Vai veno)
    Se vocês tivesse visto tava me entendendo!
    Colher é difícil, na plantação só cai chuva de míssil
    Pra cada casa que avanço eu volto três pro inicio

    Cês saqueiam minha terra. Mudam minha crença
    E agora vem pagar de amigo?
    Colei de meu e seu tio, cês enriqueceu vão ter que dividir comigo!

    Paguei o atravessador, que eu atravesso a dor
    Que eu verso essa dor desde pequeno
    Que eu dei o bote, eu não vou te soltar
    Chama o Butantã porque eu tô veneno

    O seu olhar suspeita
    Cê me rejeita, você convive e não me aceita
    A marmita suada tio, na bela Gil
    Não tem dessa receita

    O raio-x entrega trocentas capsulas na barriga
    Envolto nessa silver tape
    É só os sapo que engolir
    Pra chegar aqui e vomitar nesse seu império fake

    Cês que minha mão de obra, né?
    Porque vocês não tiram a acorrente o meu punho?
    Cada fronteira que cês fecha jão
    Pode pá que abre dois Wester Union

    O passaporte molhado, quero ligar pra casa
    O genocídio atende uma voz tão calada
    O jogo à vera e Deus na arquibancada
    Quando vi Alan a vida vã, Toussant virar piada

    O Gibraltar é mesmo estreito
    Eu vim no peito que de Uber cê não faz esse trajeto
    Cês quer fazer mais muro tio?
    Vão precisar de algo muito mais concreto

    Depois do muro, meu bem não pare
    Não escute ninguém, melhor nem fale (só corre, socorre)
    Depois do muro, meu bem não pare
    Não escute ninguém, melhor nem fale (só corre, socorre)


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