Ora Pro Nobis Lucifer

Provocação e rebeldia em “Ora Pro Nobis Lucifer” do Behemoth

A música “Ora Pro Nobis Lucifer”, do Behemoth, chama atenção ao inverter a tradicional súplica cristã “Ora pro nobis” (rogai por nós) para “Ora pro nobis Lucifer”, transformando um pedido de intercessão aos santos em uma exaltação a Lúcifer. Essa escolha é uma provocação direta ao cristianismo e convida o ouvinte a refletir sobre o papel do questionamento e da resistência diante de dogmas religiosos. O contexto do álbum “The Satanist” e a história do vocalista Nergal, que chegou a usar seu próprio sangue na arte do disco, reforçam o tom de desafio e autenticidade dessa postura.

A letra apresenta Lúcifer como símbolo de poder, sofrimento e resistência, destacando sua recusa em se submeter: “Thou bow to none / Of Eden's feculence” (“Tu não te curvas a ninguém / À imundície do Éden”). A inversão do trecho do Pai Nosso “For thine is the kingdom / And the power / And the glory forever” (“Pois teu é o reino / E o poder / E a glória para sempre”) para Lúcifer subverte o centro da fé cristã, colocando o anjo caído como detentor do poder. Metáforas como “great volcano of excrement” (“grande vulcão de excremento”) e “megalinga of throbbing zeal” (“megalinga de zelo pulsante”) intensificam o tom blasfemo e irreverente, sugerindo uma força criativa e destrutiva que desafia a ordem estabelecida.

A música também faz referências a figuras como Azazel e Apolyon, e utiliza imagens como “the black sun never sets / For it never rose” (“o sol negro nunca se põe / Pois nunca nasceu”), ampliando o simbolismo ocultista e apocalíptico. Expressões como “Viva blasfemia / In coitus infinitus” e “Phallus Dei / Erect from pole to pole” misturam o sagrado e o profano, questionando limites morais e espirituais. Assim, “Ora Pro Nobis Lucifer” se destaca como um manifesto de rebeldia, provocação e busca de autonomia diante da autoridade religiosa.