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Vento de Chuva

Benoni Conrado

Letra

    Vento de chuva
    Vem soprando dos sertões
    Trazendo recordações
    Da minha velha morada

    Mas dessas páginas
    Da manhã ainda escura
    Se revela a partitura
    Da canção da passarada

    O sertanejo
    É voltado para roça
    Nem que more numa choça
    Ele tem felicidade

    Sofre no campo
    Pra suprir seu alimento
    Mas não dá seu sofrimento
    Nas belezas da cidade

    O rio cheio
    Vem rasgando as ribanceiras
    Agitando as cachoeiras
    Nas ondulações da serra

    As cercania
    Vai soltando seu aluvio
    Se parecendo o diluvio
    Querendo engolir a terra

    Água barrenta
    Se espalha no baixio
    Sem fazer nenhum desvio
    Passa esburacando o chão

    Quem observa
    Ver a cópia da filmagem
    Apresentado a paisagem
    Do cinema do sertão

    O boi de canga
    Se espreguiça no arado
    Pra deixar o chão lavrado
    Se esforça pra seguir

    O dia inteiro
    No trabalho não emperra
    Dando vida aquela terra
    Que deixou de produzir

    Os vagalumes
    Companheiros das cascatas
    Vão iluminado as matas
    Com seus faróis naturais

    São tantas luzes
    Depois que a noite aparece
    Que a lua invejosa desce
    Clareando os matagais

    Só aos domingos
    O trabalhador descansa
    No alpendre se balança
    Numa rede de algodão

    Sem preconceito
    Que o chame em tabaréu
    A enxada é o troféu
    Que ganhou na profissão

    O galo canta
    Ao romper a madrugada
    Convidando a bicharada
    Pra festejar no terreiro

    De manhã cedo
    O sertão é mais bonito
    Vem o sol do infinito
    Passear no tabuleiro

    Mas a origem
    Sertaneja diminui
    Quando alguém substitui
    As mãos do trabalhador

    É o progresso
    Que não respeita o passado
    Trocando boi de arado
    Nas ferragem do trator

    Foram bons tempos
    Que ficaram na distância
    Eu ainda tenho ânsia
    De voltar pra minha gente

    Mas tenho medo
    De encontrar a solidão
    Porque não há mais sertão
    Como houve antigamente

    Mas tenho medo
    De encontrar a solidão
    Porque não há mais sertão
    Como houve antigamente


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