YA YA

Orgulho e resistência cultural em “YA YA” de Beyoncé

Em “YA YA”, Beyoncé faz uma fusão marcante de gêneros musicais para afirmar sua identidade e posicionamento político. Ela resgata o espírito do Chitlin' Circuit, espaço histórico da música negra nos Estados Unidos, e mistura referências clássicas do rock e soul, como “These Boots Are Made for Walkin'” e “Good Vibrations”. Com isso, Beyoncé destaca a presença negra em ambientes antes segregados, mostrando que sua música é também uma forma de resistência cultural. Ao mencionar a história de sua família e as dificuldades enfrentadas por trabalhadores comuns — “Are you tired workin' time and a half for half the pay?” (Você está cansado de trabalhar dobrado para receber metade do salário?) —, ela conecta sua trajetória pessoal à luta coletiva contra desigualdades raciais e econômicas.

A letra alterna entre críticas sociais e celebração da liberdade, usando metáforas de sensualidade e prazer como formas de resistência. Trechos como “Come get this genie in a bottle” (Venha pegar esse gênio na garrafa) e “I just wanna shake my ass (have a blast)” (Só quero rebolar, me divertir) reforçam a autonomia corporal e o convite à celebração, mesmo diante das adversidades. O refrão “keep the faith” (mantenha a fé) funciona como um mantra, sugerindo que, apesar das perdas e injustiças, a fé e a alegria são armas poderosas. Referências como “Got these slugs in my mouth, when I die, don't take 'em out” (Tenho esses dentes de ouro na boca, quando eu morrer, não tirem) remetem ao orgulho e resistência cultural, enquanto “if you ain't got no grits, get the fuck up out the south” (se você não tem grits, caia fora do sul) reforça a identidade sulista. No fim, “YA YA” se destaca como um hino de empoderamento, transformando dor e luta em energia contagiante e reafirmando a importância de manter a fé e a alegria como formas de resistência.