Movimento

Resistência e luta por liberdade em "Movimento" de BK'

A música "Movimento", de BK', começa com a fala de Polly Marinho, que já estabelece o tom de manifesto da faixa. Ela destaca a responsabilidade de quem reconhece as injustiças em criar novos caminhos para todos, afirmando que a luta só termina quando houver liberdade plena e a poesia da comunidade negra não precise mais ser "escrita com sangue". Esse início resume o espírito de resistência e a urgência por transformação social presentes em toda a música, conectando o ouvinte ao contexto histórico de opressão e violência enfrentado pela população negra no Brasil e no mundo.

No refrão, BK' cita Tupac Shakur e Notorious B.I.G., artistas assassinados por desafiar o sistema, reforçando que a resistência negra é constantemente ameaçada, mas também expressando o desejo coletivo de liberdade: "E nós queremos ser livres!". O rapper traz referências históricas e sociais, como a infiltração de drogas entre os Panteras Negras e a baixa autoestima imposta às mulheres negras, para mostrar como o racismo sistêmico atua em diferentes áreas. Ao mencionar nomes como Malcolm X, Marielle Franco, Martin Luther King Jr. e Thomas Sankara, BK' homenageia líderes assassinados por lutarem contra a opressão, deixando claro que a violência contra eles tem o mesmo objetivo: silenciar vozes que inspiram mudança. Metáforas como "eles botaram ratoeira, mas não sou rato / botaram cerca, mas não sou gato" reforçam a recusa em aceitar os papéis impostos pelo sistema. O verso "eles gostam quando preto dança, grita, chora / eles temem quando um preto pensa" sintetiza a crítica à tentativa de limitar a potência intelectual e política da população negra. Assim, "Movimento" se firma como um chamado à união, coragem e reescrita da história a partir de novas referências e heróis.