Blowin In The Wind: desvende o significado da canção de Bob Dylan

Algumas músicas são imortais, porque transmitem mensagens que atravessam o tempo. Blowin In The Wind é um desses casos. Desde a sua criação, em 1962, até hoje, ela divide opiniões de fãs e críticos sobre o significado da letra.

Com reflexões sobre a guerra e a paz, ela é considerada uma das melhores músicas de Bob Dylan e certamente contribuiu para o seu sucesso. Mesmo sem saber, o grande nome do folk escreveu uma canção que se tornaria um verdadeiro hino para protestos no mundo inteiro. 

Se você já quebrou várias vezes a cabeça tentando desvendar o significado de Blowin In The Wind, chegou a hora de saber tudo sobre a música. Confira a nossa análise completa a seguir!

Significado de Blowin In The Wind

Em apenas nove versos, ao som de três acordes, Blowin In The Wind é uma das canções mais emblemáticas de todos os tempos. Apesar de simples e curta, a sua letra é muito profunda e desconcertante, capaz de nos fazer refletir durante dias e até mesmo anos sobre o seu significado: 

Na música, o cantor já inicia a discussão, logo na primeira estrofe, com perguntas reflexivas, como:

How many roads must a man walk down (Quantas estradas um homem precisará andar)
Before you can call him a man? (Até que possam chamá-lo de homem?)
Yes, and how many seas must a white dove sail (Sim, e quantos mares uma pomba branca precisará sobrevoar)
Before she sleeps in the sand? (Até que ela possa dormir na areia?)
Yes, and how many times must cannonballs fly (Sim, e quantas balas de canhão precisarão voar)
Before they’re forever banned? (Até serem para sempre banidas?)

Todos esses questionamentos nos fazem pensar sobre a trajetória do ser humano na Terra, com suas lutas infundadas e o seu desejo irrefreável de dominar o mundo.

Uma realidade deplorável que era vivida na década de 1960, quando a música foi composta, mas que infelizmente ainda está presente nos dias atuais.  

São conflitos armados, guerras e bombardeios que tiram vidas de inocentes. Atividades como a indústria e a extração, que degradam a natureza e poluem as matas, as águas e o ar. Sem falar em atitudes egoístas e individualistas que revelam o pior e mais perverso lado da humanidade. 

O problema é quando elas são realizadas e ninguém se manifesta para acabar com isso. O homem apenas assiste ao que está acontecendo no mundo, podendo até mesmo contribuir para a sua concretização. 

Por isso, para Bob Dylan, quando testemunhamos as injustiças que são cometidas e não fazemos nada, estamos sendo cúmplices desses atos desumanos. Não agir e não questionar também são formas de reforçar esses atos. 

É por isso que muitos críticos e pensadores dizem que, ao cantar que a resposta está soprando ao vento, o artista nos traz uma solução aparentemente simples, mas muito ambígua a essas questões.

A resposta pode ser extremamente simples e natural e, ao mesmo tempo, muito difícil de ser alcançada e tocada, como o próprio vento. 

História da música e curiosidades

Você sabia que uma das canções de protesto mais famosas do mundo foi composta em apenas 10 minutos? De acordo com Bob Dylan, a letra de Blowin In The Wind saiu assim, bem rápido, em abril de 1962. Ele estava em uma casa noturna de Nova York e resolveu escrevê-la. 

A melodia também foi fácil de criar, porque foi inspirada em uma antiga canção spiritual afro-americana, No More Auction Block. Então, o cantor apenas adaptou os acordes que já existiam para a sua nova composição. Anos depois, em 1985, Dylan gravou uma versão da original para a coletânea Biograph. 

Mas engana-se quem pensa que ele foi o primeiro a cantar Blowin In The Wind em público. Na realidade, o cantor folk Gil Turner pediu ao compositor que o ensinasse a tocá-la e ela foi apresentada, de forma inédita, dias depois da sua criação.

Depois disso, ela entrou para o setlist dos shows de Bob Dylan e não saiu mais. Aliás, essa é uma de suas músicas mais tocadas em seu repertório. Estima-se que tenha sido apresentada mais de 1.700 vezes ao longo de todos esses anos! Já deu para perceber a sua força, não é mesmo? 😉 

Política, movimentos sociais e Blowin In The Wind

Na época em que escreveu esse clássico do rock, a intenção do cantor nem era a de protestar. Para ele, era só mais uma faixa de algum álbum a ser lançado. Inclusive, em 1962, quando ele o apresentou pela primeira vez em um show, chegou a avisar ao público: Isso aqui não é uma música de protesto ou qualquer coisa do tipo. 

Apesar de não ter sido composta com viés político, a concepção do próprio Bob Dylan em relação a Blowin In The Wind acabou mudando. Quando ele conheceu e começou a se relacionar com a ativista Suze Rotolo, o artista passou a olhar para as suas composições de forma mais politizada.

Assim, quando a canção finalmente foi gravada, um ano depois, Dylan resolveu assumir a missão de transmitir uma mensagem poderosa com ela. E é exatamente isso que ele tem feito desde então. 

Em 1963, ele a cantou na Marcha de Washington, organizada por Martin Luther King. Essa apresentação contribuiu ainda mais para transformá-la em um hino de manifestações e movimentos civis.

Anos mais tarde, em 1971, ele também cantou Blowin In The Wind no Concerto para Bangladesh, realizado por George Harrison e, em 1985, foi interpretada no Live Aid. Relembre esse show icônico, com Keith Richards e Ron Wood, apresentados por ninguém mais, ninguém menos que Jack Nicholson: 

Até hoje, além de continuar cantando a música em shows e ocasiões políticas, o cantor passou a utilizar o verso icônico a resposta, meu amigo, está soprando ao vento em diversas entrevistas, para responder perguntas sobre a política e o futuro do mundo.

Enigmática ou profunda, é inegável que essa é uma ótima resposta! 

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