O fenômeno Bad Bunny: como ele levou a música latina ao topo do mundo

Nascido em 1994, ele começou a cantar no coral da igreja e se tornou um ídolo latino. Vem conhecer a história de Bad Bunny!

Biografias · Por Renata Arruda

25 de Setembro de 2025, às 17:15


O porto-riquenho Bad Bunny é um fenômeno. Astro de reggaeton e do trap, o cantor chegou na cena em 2015 e conquistou o mundo em 2018, quebrando vários recordes da indústria musical atual.

Bad Bunny
Reprodução/Instagram

Com oito álbuns lançados, o latino se tornou o artista global número 1 no Spotify em 2020 e conseguiu colocar pela primeira vez na história um disco todo em espanhol no topo da Billboard 200.

Quer conhecer melhor o cantor Bad Bunny? Vem com a gente que te contamos tudo sobre o ídolo!

Quem é o cantor Bad Bunny?

Bad Bunny é o nome artístico de Benito Antonio Martinez Ocasio, um dos principais nomes da música latina. Nasceu em 10 de março de 1994 em San Juan, capital de Porto Rico, e começou a cantar no coral infantil da igreja católica.

Recebeu o apelido de Coelho Malvado por causa de uma foto antiga, clicada em uma Páscoa quando ele ainda era criança: na imagem, Benito está vestido de coelho, fazendo uma careta de mau.

Bad Bunny quando criança, vestido de coelho
Bad Bunny quando criança, vestido de coelho / Créditos: Divulgação

Aos 5 anos de idade, enquanto crescia nas praias da cidade de Vega Baja, o pequeno Benito já sonhava em ser cantor. Segundo ele, uma das suas memórias mais antigas é a de ganhar um disco do rapper Vico C de Natal.

Infância e primeiros passos na música

Filho mais velho de Lysaurie Ocasio, professora de inglês, e Tito Martínez, motorista de caminhão, Bad Bunny tem dois irmãos, Bernie e Bysael, e já declarou ter sido criado em uma família feliz de classe média.

Em casa, ouvia salsa com o pai e merengue e baladas com a mãe, enquanto a ajudava nas tarefas domésticas. Já na casa do avô, os ritmos eram bolero e bohemia. Segundo contou, ele cresceu em torno de vários ritmos musicais diferentes.

Durante a infância, frequentava as missas todos os domingos, onde cantou no coral da igreja até os seus 13 anos. Depois disso, passou a se interessar pela música que tocava no rádio — suas principais influências foram Daddy Yankee e Hector Lavoe.

Bad Bunny deu os primeiros passos na música ainda na escola: sua primeira apresentação foi em um show de talentos, cantando Mala Gente, de Juanes. Ele também gostava de fazer rap em freestyle com seus amigos.

Início da carreira do cantor Bad Bunny

Enquanto a mãe de Benito sonhava que o filho fosse engenheiro e o pai preferia que se tornasse um jogador de baseball, o rapaz decidiu estudar comunicação audiovisual na Universidade de Porto Rico.

Depois de abandonar o curso, foi trabalhar em um supermercado, enquanto esboçava suas primeiras canções no computador.

No entanto, Bad Bunny não se considera músico: não sou músico. Considero músico quem toca um instrumento musical, e por tragédias da vida não toco nenhum, declarou.

Isso não o impediu de fazer suas próprias composições e tocá-las para os amigos nas festas de garagem do bairro. Com a boa recepção, o artista começou a postar suas canções no SoundCloud, chamando a atenção do DJ Luian.

Com isso, surgiu a primeira proposta profissional: lançar a carreira fora de Porto Rico, pelo selo independente Hear This Music. Em 2016, ele colocou no mundo o single Soy Peor, um trap lento que virou hit.

De desconhecido a ídolo latino

No ano seguinte, Bad Bunny conseguiu emplacar nada menos que 15 músicas na parada Hot Latin Songs, nos EUA. Suas canções, que misturam trap, reggaeton, bachata, balada pop e rock, desafiaram a indústria por serem todas cantadas em espanhol.

Em 2018, lançou seu álbum de estreia, X 100PRE, com participação de Diplo, El Alfa, Nitti Gritti e Drake, com quem canta o hit MIA. O trabalho rendeu a Bad Bunny o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Urbana.

Desde então, o cantor tem colaborado com grandes artistas, como Cardi B, Enrique Iglesias, Rosalía e muitos outros. Em 2019, ele lançou de surpresa o álbum Oasis, parceria com J Balvin com hits como Qué Pretendes e Mojaita.

Em 2020, vieram ao mundo dois discos de uma só vez: YHLQMDLG e El Último Tour Del Mundo. Este último, escrito durante a pandemia de covid-19, foi o primeiro álbum em espanhol a alcançar o topo da Billboard 200.

Un Verano Sin Ti: a consolidação de Bad Bunny como o maior artista latino do mundo

Lançado em 6 de maio de 2022, Un Verano Sin Ti é o quarto álbum de estúdio de Bad Bunny e um divisor de águas em sua carreira. Com 23 faixas, o projeto foi pensado como uma espécie de retrato do verão, trazendo tanto a leveza e a festa quanto a nostalgia e a melancolia que a estação também pode carregar.

Musicalmente, o disco é um passeio pela diversidade sonora do Caribe e além dele, misturando reggaeton, dembow, bachata, merengue, indie pop e até referências à bossa nova.

Para dar ainda mais cor à experiência, o álbum conta com colaborações de artistas como Rauw Alejandro, Chencho Corleone, The Marías, Bomba Estéreo, Tony Dize, Buscabulla e Jhayco.

Para divulgar o trabalho, Bad Bunny embarcou na ambiciosa World’s Hottest Tour, sua primeira turnê em estádios. Entre agosto e dezembro de 2022, ele passou por 14 cidades nos Estados Unidos e outras 14 na América Latina, lotando arenas e marcando presença em lugares icônicos como Miami, Nova York, Cidade do México e Buenos Aires.

A turnê arrecadou cerca de 435 milhões de dólares, estabelecendo um recorde como a mais lucrativa já realizada por um artista latino até aquele momento. Mais do que um espetáculo musical, os shows misturavam cenários futuristas, tropicalidade caribenha e mensagens sobre identidade porto-riquenha, consolidando Bad Bunny como um verdadeiro fenômeno cultural.

O impacto de Un Verano Sin Ti foi sentido também nas premiações e paradas musicais. O álbum se tornou o mais ouvido do Spotify em 2022 e 2023, um feito inédito para um projeto cantado inteiramente em espanhol.

Também conquistou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Urbana e chegou à indicação de Álbum do Ano no Grammy de 2023, algo raríssimo para discos em espanhol.

Hits como Tití Me Preguntó, Me Porto Bonito, Efecto, Moscow Mule e Ojitos Lindos dominaram as paradas globais e ajudaram a transformar o álbum em um marco histórico.

nadie sabe lo que va a pasar mañana: a mistura de inovação com apelo popular

Em 13 de outubro de 2023, Bad Bunny lançou nadie sabe lo que va a pasar mañana. O projeto marcou uma virada estética e musical em relação a Un Verano Sin Ti, trazendo um som mais sombrio e introspectivo, com forte influência do trap latino — o gênero que o projetou no início da carreira.

Ao longo das 22 faixas, Bad Bunny refletiu sobre fama, críticas, pressões da indústria e até a própria imprevisibilidade de sua trajetória, algo já sugerido no título do álbum. Entre as colaborações, estão artistas como Arcángel, Feid, Young Miko, Bryant Myers e Eladio Carrión, reforçando a conexão com a cena urbana de Porto Rico.

O impacto do lançamento foi imediato: o disco estreou no topo da Billboard 200, garantindo a Bad Bunny seu terceiro álbum nº1 nos Estados Unidos. Além disso, nadie sabe lo que va a pasar mañana bateu recordes de streaming, tornando-se o maior debut em espanhol no Spotify até então.

O single MONACO, com sample de Charles Aznavour, viralizou mundialmente, assim como faixas como FINA (com Young Miko) e TELEFONO NUEVO (com Luar La L). O álbum mostrou um lado mais experimental e, ao mesmo tempo, reafirmou a habilidade de Bad Bunny em misturar inovação com apelo popular.

O artista anunciou a Most Wanted Tour, que começou em fevereiro de 2024 e percorreu dezenas de cidades na América do Norte, sempre com ingressos disputados e apresentações que mesclavam estética western, futurismo e referências de cultura porto-riquenha.

Em relação a premiações, o disco recebeu destaque no Billboard Latin Music Awards 2024, vencendo em categorias como Álbum do Ano e Melhor Álbum de Música Urbana. Também foi indicado ao Grammy Latino 2024, reforçando o peso cultural e artístico do projeto.

DeBÍ TiRAR Más FOToS: tempos que não voltam mais

Lançado em 5 de janeiro de 2025 e com 17 faixas, DeBÍ TiRAR Más FOToS traz singles como EL CLúB e PIToRRO DE COCO e aposta em uma sonoridade que mistura ritmos tradicionais porto-riquenhos, como plena, jíbaro e salsa, ao reggaeton e outras influências modernas.

O projeto também conta com colaborações de artistas locais, entre eles Chuwi, Omar Courtz, Dei V, RaiNao e Los Pleneros de la Cresta. O título, que em português pode ser traduzido como “Deveria ter tirado mais fotos”, reflete a ideia de memória, nostalgia e até de um arrependimento por momentos que passaram e não foram guardados.

Para marcar o lançamento, o cantor ainda dirigiu um curta-metragem de mesmo nome, em parceria com Jacobo Morales e Ari Maniel Cruz Suárez, reforçando o tom intimista e emocional do disco.

A divulgação do projeto inclui a DeBÍ TiRAR MáS FOToS World Tour, que começa em 21 de novembro de 2025, em Santo Domingo, na República Dominicana.

A turnê passará por estádios da América Latina, Europa, Austrália e Japão, e já gerou grande expectativa no Brasil, onde os shows em São Paulo, no Allianz Parque, ganharam uma data extra devido à alta demanda por ingressos.

Antes dessa agenda internacional, Bad Bunny realizou em Porto Rico a residência musical No Me Quiero Ir de Aquí, criada para manter a proximidade com os fãs locais e apresentar, em casa, algumas das novas faixas.

O sucesso do álbum foi imediato: DeBÍ TiRAR Más FOToS estreou em primeiro lugar no ranking de Top Streaming Albums da Billboard, conquistando a maior semana de streaming para um álbum latino em mais de um ano, com cerca de 113.500 unidades equivalentes e mais de 152 milhões de reproduções oficiais apenas na estreia.

O disco também liderou a parada Top Latin Albums e alcançou posições de destaque no Billboard 200.

Além disso, o single-título viralizou nas redes sociais, especialmente no TikTok, onde usuários passaram a usá-lo para compartilhar fotos e memórias pessoais, ampliando ainda mais o alcance e o impacto emocional do trabalho.

Tudo sobre as músicas de DeBÍ TiRAR MáS FOToS, de Bad Bunny

Os obstáculos do sucesso

No entanto, o cantor também enfrentou preconceitos contra sua música. Segundo ele, o reggaeton é um gênero que vem da rua, do underground, de gente pobre que não tinha opções, motivo para ser rejeitado por uma parte da indústria.

Mas isso não me incomoda, que digam o que quiserem, tem um mundo inteiro dançando as músicas, declarou. Curiosamente, o que o abalou mesmo foi o sucesso. Entre 2016 e 2018, ele acredita ter passado por uma depressão, embora não tenha visitado um médico.

Ativismo

Apesar de ter sido criticado por não se pronunciar a respeito da onda de protestos antirracistas, Bad Bunny não deixa de se posicionar politicamente.

Em 2018, ele lançou Solo de Mi, denunciando a violência de gênero. Em 2020, foi a um programa vestindo saia e uma camiseta dizendo Mataram Alexa, não a um homem de saia, em protesto contra o assassinato de uma mulher transgênero em Porto Rico.

Bad Bunny
Créditos: Divulgação

Além de se tornar um ícone da comunidade LGBTQIA+ latina, o artista também distribuiu suprimentos para a população atingida por um furacão em seu país. Ele ainda fundou a Good Bunny Foundation, que distribui brinquedos para crianças pobres.

Outro posicionamento que pode ser considerado político é a escolha de se recusar a cantar em inglês: Não precisamos mais cantar em inglês para atravessar barreiras, diz ele.

Carreira como ator

Sua estreia em Hollywood aconteceu em grande estilo em 2022, quando participou do filme Bullet Train, ao lado de Brad Pitt. Ele interpretou o personagem “Lobo”, um assassino mexicano com sede de vingança.

Apesar de sua participação ser curta, o papel chamou atenção pela intensidade e pelo carisma do cantor nas telas, deixando claro que ele tinha potencial para se aventurar mais no cinema.

No mesmo ano, Bad Bunny também foi confirmado pela Sony e pela Marvel como protagonista de El Muerto, um spin-off do universo do Homem-Aranha. O filme seria histórico, já que marcaria o primeiro herói latino a liderar uma produção da Marvel.

O anúncio gerou grande repercussão no mundo todo, mas, após diversos adiamentos e mudanças no calendário da Sony, o projeto acabou sendo cancelado em 2023. Ainda assim, o convite reforçou sua presença em Hollywood e abriu portas para futuras oportunidades.

Além das telonas, Bad Bunny mergulhou em projetos de televisão. Ele fez participações marcantes na série Narcos: México, onde interpretou Arturo “Kitty” Páez, membro de uma gangue de jovens ligados ao cartel de Tijuana.

Em paralelo, o artista também se envolveu em outras produções em desenvolvimento, mantendo-se no radar dos estúdios.

As melhores frases de Bad Bunny

Gostou de saber mais sobre o ídolo do reggaeton? Então, chegou a hora de conferir as maiores canetadas do artista, que vão te fazer virar fã!

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