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Você sabe como surgiu o funk no Brasil? Confira 8 marcos na história do estilo!

História da música · Por Camila Fernandes

10 de Abril de 2019, às 07:00

O funk é um dos estilos mais populares do Brasil. Nos últimos anos, o ritmo ganhou espaço no coração de brasileiros de todas as classes sociais, e virou uma das marcas oficiais do país no exterior.

Funk no Brasil
Créditos: Divulgação

Estados Unidos e Portugal estão no topo da lista dos países que mais consomem funk brasileiro pelo Spotify, mas não para por aí: o ritmo cresceu muito na América Latina e já chegou até mesmo em países como Alemanha e Reino Unido.

Mas quais são as verdadeiras origens do funk? Ele é mesmo uma criação brasileira? Listamos 9 curiosidades incríveis sobre a história desse estilo que faz cada vez mais sucesso pelo mundo. Confira!

1. O início dos bailes dançantes

Na década de 70, a ditadura militar brasileira estava a todo vapor. Se faltavam opções e possibilidades de lazer para as classes mais altas, na periferia das grandes cidades a situação era muito pior. Na política de pão e circo, literalmente, faltava o circo.

Como a criatividade é algo que não falta a nós brasileiros, não demorou muito para que as pessoas inventassem suas próprias formas de diversão — e foi aí que surgiram os bailes dançantes.

Eles aconteciam à noite, nos clubes das comunidades e periferias do Rio de Janeiro, onde as pessoas dançavam ao som do funk soul, do break, free style e outro estilos com batidas animadas.

2. Movimento Black Rio

No dia 17 de julho de 1976, o Jornal do Brasil publicou uma matéria da jornalista e pesquisadora Lena Frias que gerou um alvoroço enorme. Isso porque o jornal era consumido majoritariamente pela classe média, e conquistar um espaço em seu caderno de cultura era algo almejado por muitos artistas.

A matéria intitulada “Black Rio – O Orgulho (importado) de ser Negro no Brasil” chamou atenção para os bailes que aconteciam nas periferias, comparando-os ao movimento Black Power nos Estados Unidos. Intencionalmente ou não, a jornalista acabou dando nome ao movimento, que passou a ser conhecido em todo o estado e posteriormente se espalhou pelo país.

Jovens no
Jovens no auge do movimento Black Rio / Créditos: Almir Veiga / Divulgação

3. A casa de shows Canecão

O Canecão foi originalmente uma cervejaria, inaugurada no Rio em 1967. Entretanto, o lugar ficou famoso como casa de shows, consagrando nomes como Elis Regina e Chico Buarque.

Também foi no Canecão que o movimento Black Rio ganhou a Zona Sul. Lá aconteciam os famosos Bailes da Pesada, onde os DJs Big Boy e Ademir Lemos uniam o soul e o rock no que seriam os primórdios do funk no Brasil.

O Dj Big Boy no Canecão / Créditos: Divulgação

4. Paródias de músicas gringas

As primeiras letras do que seria o funk brasileiro eram, na verdade, paródias de músicas norte-americanas. Contagiadas pelo ritmo envolvente e sem conseguir entender o que os cantores diziam, as comunidades começaram a criar suas próprias letras para as músicas.

O famoso grito de “Uh, tererê”, por exemplo, vem da música Whoomp There It Is, da dupla norte-americana Tag Team.

5. Batalhas entre as comunidades

Com o sucesso dos bailes aumentando, eles começaram a se espalhar cada vez mais em diferentes zonas e comunidades. Cada comunidade criava seus próprios grupos, e assim começaram as batalhas.

As batalhas eram marcadas entre duas ou mais comunidades, que disputavam em várias categorias diferentes: batalhas de passinho, de rima, de ritmo e beatbox, por exemplo.

6. Influência do Miami Bass

Na década de 80, um estilo conhecido como Miami Bass ficou famosos nos Estados Unidos. A batida contínua e o tipo de dança chegaram rapidamente à América Latina, e foram de grande influência no funk carioca.

É do Miami Bass (ritmo de Miami) que veio a sensualização da dança e os movimentos sincronizados com a batida forte.

Maggotron, um dos artistas representantes do estilo

7. Surgem os MCs

Quando as batalhas começam a tomar proporções maiores, criando rivalidades sérias e agravando as brigas entre as comunidades, começam também a surgir os MCs.

Inspirados não só por esse problema, mas também pelas dificuldades diárias da periferia, principalmente a violência, eles cantam letras pedindo paz e igualdade, com os ritmos mais melódicos que estouraram na década de 90. Um exemplo é a música Barco da Paz, da dupla Claudinho e Buchecha.

Para matar a saudade dessa época, que tal ouvir uma playlist de funk melody?

Playlist Funk Melody

8. Furacão 2000

Dizem por aí que o funk nunca teria ganhado o Brasil inteiro se não fosse a Furacão 2000. Ela foi uma equipe de som, produtora e gravadora do Rio de Janeiro, que produzia coletâneas de funk na década de 90 e início dos anos 2000.

Sem dúvida, a equipe foi responsável por permitir que funk circulasse por todos os cantos, numa época em que internet era coisa para poucos.

9. KondZilla, brega funk e o futuro do estilo

Atualmente a Kondzilla Records é a maior produtora de funk no Brasil, responsável pelo sucesso e crescimento de dezenas de artistas. O Canal KondZilla já tem mais de 21 bilhões de visualizações (o equivalente a três vezes a população mundial).

Foi justamente a KondZilla que, no início de 2018, gravou a versão profissional da música Envolvimento, da cantora MC Loma. A MC, por sua vez, foi responsável por direcionar os olhares dos brasileiros para o brega funk, uma variação do estilo que nasceu em Recife, terra natal da cantora.

Ouça uma seleção com o melhor do brega funk aqui

Seleção brega funk

E não é só Pernambuco que está ganhando espaço na produção de funks: também em 2018 o hit Parado no Bailão, dos MCs L da Vinte e Gury, virou sucesso nacional e impulsionou a pegada do funk mineiro.

Como sempre, o funk no Brasil continua misturando novos ritmos e fazendo parcerias com diversos estilos, e cada vez mais sua produção têm saído do Rio de Janeiro e de São Paulo para se espalhar por todos os cantos.

O funk é um estilo relativamente novo, sim, e que cresceu de um jeito diferente. Sem espaço nas grandes rádios, o som da periferia se fortaleceu nas rádio-favelas e nos bailes. Hoje, a internet abriu portas e permitiu que o ritmo se espalhasse pelo mundo.

Agora que você já sabe os marcos da história do funk no Brasil, que tal ouvir as mulheres que têm se destacado no estilo? Confira nossa playlist com as musas do funk!

Seleção musas do funk