15 de Julho de 2025, às 12:00
Com uma presença artística singular, Luedji Luna tem conquistado espaço pela forma como traduz, em canções, suas raízes afro-brasileiras e suas vivências enquanto mulher negra.

Com três álbuns e participações em projetos de grande visibilidade internacional, como o Colors e o Tiny Desk com o coletivo Afropunk, Luedji Luna se firma como uma das vozes mais relevantes da nova geração da música brasileira.
Luedji Luna nasceu no bairro do Cabula, em Salvador, Bahia, em 25 de maio de 1987.
Filha de Orlando, historiador, e Adelaide, economista — ambos militantes do movimento negro e servidores públicos —, ela cresceu em um ambiente politizado, tendo contato desde cedo com pautas sociais e discussões sobre identidade racial.
Mais que isso, a música sempre foi parte da vida de Luedji. Seu pai, além de historiador, é músico e integrou o grupo Raciocínio Lento, formado por artistas e compositores da cena musical de Salvador.
Mesmo com uma família unida e estável, a infância de Luedji foi marcada por desafios: por ser uma das únicas crianças negras em sua escola, ela foi vítima constante de racismo disfarçado de “brincadeiras”, como ela mesma relatou em entrevistas.
Durante muitos anos, sofreu calada os impactos desse preconceito, o que afetou sua autoestima e desempenho escolar.
Ao perceberem, por volta dos seus 14 anos, que o sofrimento da filha não era por dificuldade com o conteúdo, mas pela tristeza gerada por essas experiências, os pais passaram a oferecer escuta e apoio mais cuidadosos.
Foi nesse momento de dor e silêncio que Luedji começou a registrar suas emoções, e, a partir da música, encontrou um caminho para transformar o sofrimento em arte.

Aos 17 anos, deu seus primeiros passos como compositora e passou a se apresentar informalmente em bares de Salvador. Ela chegou a cursar Direito na Universidade do Estado da Bahia, mas logo percebeu que sua vocação era mesmo a música.
A cantora iniciou os estudos na Escola Baiana de Canto Popular em 2011, onde investiu no desenvolvimento de sua técnica vocal.
No ano seguinte, passou a integrar o Bando Cumatê, um coletivo artístico-cultural de Salvador voltado à valorização das manifestações tradicionais da cultura popular brasileira, o que despertou uma conexão ainda mais profunda com a ancestralidade afro-brasileira.
Foi pensando na carreira artística que a cantora se mudou para São Paulo, com apenas o violão nas costas, enfrentando os desafios da metrópole com coragem e convicção.
Na capital paulista, transitou pelo circuito alternativo e encontrou espaço para amadurecer artisticamente e, aos poucos, ganhou espaço na cena musical independente.
A prova definitiva de que Luedji Luna chegou para ficar no mundo da música veio em 2017, com o lançamento do primeiro álbum, Um Corpo no Mundo.
O disco é composto majoritariamente por faixas autorais e traduz as experiências de deslocamento, pertencimento, ancestralidade e resistência que atravessaram sua trajetória.
O sucesso do disco ultrapassou fronteiras, resultando na primeira turnê internacional da cantora, que passou por cidades como Lisboa, Porto, Madeira e Sines.
Lançado em 2020, Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água foi o primeiro álbum visual de Luedji Luna. Gravado no Brasil e no Quênia, o disco de 14 faixas mistura referências afro-brasileiras e elementos contemporâneos.
Aclamado pela crítica, rendeu à artista quatro indicações no WME Awards — vencendo como Melhor Álbum do Ano — e uma indicação ao Grammy Latino.
Além de explorar feminilidade negra, espiritualidade e amor, o trabalho incorporou a maternidade como tema central. Entre os destaques, uma releitura de Ain’t Got No, de Nina Simone, em diálogo com um poema de Conceição Evaristo.
O mais novo trabalho de Luedji Luna chegou às plataformas no final de maio de 2025: Um Mar Pra Cada Um encerra de forma brilhante a trilogia iniciada com Um Corpo no Mundo e continuada com Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água.
Com 11 faixas e cerca de 44 minutos de duração, o álbum aposta em influências do jazz, neo-soul, MPB e R&B para encantar os ouvintes
Um dos destaques é a faixa instrumental Gênesis, protagonizada por piano, sax, contrabaixo e bateria interpretados por músicos baianos, evocando uma africanidade quase espiritual, inspirada no clássico A Love Supreme, de John Coltrane.
O disco traz colaborações que reforçam sua dimensão internacional e jazzística, como Nubya Garcia, na reinterpretação de Dentro Ali, Takuya Kuroda em Salty e a inconfundível Liniker, que divide versos com Luedji na melancólica Harém.
Recebido com aclamação pela crítica, o álbum foi descrito como “o disco mais ousado, lírico e maduro da carreira”, atingindo mais de 2 milhões de plays logo após o lançamento.
Se você gostou de saber quem é Luedji Luna, não deixe de conferir a playlist exclusiva que preparamos com as melhores 100 vozes femininas do Brasil e do mundo!




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