Bullfrog

Sapo Cururu

Eu estava sentado na beira do rio em um tronco oco
Quando pensei que ouvi um sapo cururu pular
Me virei e, com certeza, lá estava ele
Ele disse, com licença, amigo, mas andei lendo suas notícias
E lamento dizer que estou um pouco confuso
Sendo humano, você deve saber onde isso vai dar.

Ele disse que leu que esse velho mundo vai desmoronar
E tudo por causa de uma coisa chamada ouro
E isso é algo difícil para nós, sapos, entender
Agora você está me olhando como se eu fosse meio doido
Mas onde eu vivo, a gente não tem dinheiro
Então queremos entender o que tá rolando aqui na terra.

Agora eu pensei que estava chapado, então comecei a andar
Quer dizer, quem já ouviu um sapo cururu falando?
Mas então percebi que não tinha comido nada
Então resolvi contar a ele o que eu pensava
Sobre como o ouro era vendido e como o ouro era comprado
E ele entenderia nosso mundo quando eu explicasse.

Eu disse que tudo começou há muito tempo
Quando as pessoas aprenderam a plantar e colher
Elas tiraram tudo que precisavam direto da terra
Como quantas folhas e quantas árvores
Seriam necessárias para cobrir as anatomias
E foi assim que você descobriu quanto valia um terno.

Bem, então o homem aprendeu a ordenhar uma vaca
E como arar a terra com um arado de pedra
E ele estava tão ocupado que nunca teve tempo de te fazer mal
Então ele pegava sua colheita e todo aquele leite
E ia para a cidade trocar por seda
Para que sua mulher ficasse bonita na fazenda.

Bem, o sapo cururu soltou um croc do fundo da barriga
Como se eu tivesse contado uma piada
E ele disse, acho que você tá me enrolando, meu chapa
(o que eu?)
Eu disse, sei que parece meio confuso
Mas a verdade é que não estou mentindo
Quer dizer, não estou falando de sapo cururu, você entende?

Ele disse, agora não fique chateado, não sou contra você
Você pode continuar, continue
E eu vou ficar quieto e tentar entender
Ele disse, eu sei sobre árvores, folhas e plantas
E leite, seda e o romance do fazendeiro
Mas o que é essa coisa que chamam de oferta e demanda?

Eu disse, bem, eu planto algodão e você planta milho
E você percebe que suas calças estão todas gastas
E eu, bem, preciso de algo para comer
Entendeu? Então eu faço umas roupas novas pra você
E agora você me faz um pão de milho fresquinho
Daqui a pouco teremos lojas do outro lado da rua.

Bem, isso não funcionou, ou pelo menos foi o que nos contaram
E naquela época eles não sabiam sobre o ouro
Então todos concordaram em medir suas mercadorias em sal
Bem, essa ideia teve um fim precoce
Porque estavam comendo mais do que gastavam
E além disso, quem já ouviu falar de guardar sal em um cofre?

Bem, o povo dizia que o ouro era a coisa a se usar
Para pagar por coisas, de navios a sapatos
Mas pesava demais e parecia bom demais para gastar
Então, por volta de mil seiscentos e noventa
Alguém começou a usar dinheiro dobrável
E essa é a história, meu amigo, do começo ao fim.

Bem, eu achei que era uma explicação muito boa
Quer dizer, uma verdadeira tentativa de comunicação
E eu só estudei até os dez anos
Mas o sapo cururu, bem antes de pular embora
Eu poderia jurar que ouvi ele dizer
Seu mundo ainda está na fase de girino, meu amigo.