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A Hora

Bode V

Letra

    Peito apertado, um bastardo alertado do fim de tudo
    Um dia pro fim do ar puro, filho vamos pro Digimundo
    Sem fé nos seus, olha lá Deus, o mais novo moribundo
    Cantarola bêbado com o diabo, concorrente oriundo

    Peles machucadas, marcadas, lavadas com sol ardente
    Doenças novas pro lucro da farmacêutica indecente
    Solenemente repelente, tem praga frequentemente
    A criança chora, pulmão aperta, fôlego insuficiente

    Latente, quem tem patente furta pra comprar leite
    Próximo ao fim, sou Aladdin, só um pedido: Me aceite!
    Nunca tem água, minha mãe morreu de sede, cacete!
    Quem confiou só em si, puxou pra si o tapete

    Daqui a pouco te revelo o que fiz até o último instante
    Ofegante, sofro de pensar na morte dupla das gestantes
    Irônico, não tem mais guerra nessas horas restantes
    O medo plantou sinceridade em vários destes semblantes!

    A hora vai passar e como vou suportar
    Tá ficando mais difícil de respirar
    Jogado a Deus dará, não adianta implorar
    Quisera eu ter um plano pra quando tudo acabar

    A hora a fora, árvore vira tora
    Não planejei lástima o tempo corre sem espora
    Vou sem demora, e a caixa de pandora
    Já libertou seu mal, a maldade jorra

    Memória estranha, meu filho me acompanha
    Eu apenas digo que o amo, não tenho mais artimanha
    Na tarde procuro um lugar com menos lixo pra ficar
    Eu e alguns amigos queridos unidos sem suplicar

    Sem agigantar dor em fa, trouxe fotos pra recordar
    Datas que apenas o governo queria nos sufocar
    As fábricas venceram a fotossíntese
    Sintetizo a forma do apocalipse
    A ganância cresceu tanto
    Que não passa na marquise

    Equalizei a imundice pra escutar o que Satan disse
    Ela não volta avise
    Pro chapeleiro louco que se perdeu da Alice

    A hora vai passar e como vou suportar
    Tá ficando mais difícil de respirar
    Jogado a Deus dará, não adianta implorar
    Quisera eu ter um plano pra quando tudo acabar

    Passou das sete, tô fazendo um frete
    Te entrego o futuro, e não é maquete
    Não tem claquete, não rola reset
    Me diz quem investe, isso é um teste?

    Deus morreu sem prece, como vou ter tese
    O ar expirou, a raça perece
    Agora minutos são menos de sete
    Meu filho se retorce isso não é um teste

    O pulmão é menor, assisto ele morrer
    Tô sofrendo tanto, é difícil de ver
    Eu grito tanto, não vou me conter
    Tudo se apagando, quem pra socorrer

    Olhos vão fechando, sem me mover
    Me sentindo leve, não vou mais sofrer
    Abro os olhos olho, sigo a escrever
    Foi uma visão, poucos podem ter


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