Escória

O tempo não volta atrás, é cruel!
Não adianta dizer que não devia ter feito isso
O dia corre em direção a isso!

Quinze pras 7 ela acorda, sozinha na cama
Levanta se arruma e vai pra copa
Tomar seu café e suas torradas
Junto com as empregadas, o marido não deu as caras!
Não sabe nem se ele dormiu em casa!
Vida apática!
Ela não liga, não fala nada!
Vai pro trabalho, chama o motorista e entra no carro

As 7 da manhã do outro lado da cidade
Noiado, ainda acordado!
Desesperado pra dar mais um trago, sem nenhum trocado
Todo perturbado
Na caminhada ele vai pro centro
Vai dar merda eu sei, vai vendo!
Ele tem uma faca e as ideias fracas
Um prato cheio pra fazer cagada!

Meio dia ela tenta ligar pro seu marido
Convidar pra almoçar
Mas a secretária atende e diz que não vai dar!
Ele tá em reunião e não sabe a hora que vai acabar
Então com os colegas da firma ela vai almoçar
Vai jogar conversa fora mas não vai desabafar
É muita mentira, falsidade no ar!
Ta á tudo sempre bom, nada a declarar

Na hora do almoço bem louco no centro
Querendo mais um pouco, 100% no veneno!
Com as mãos tremendo, sem sentimento
A abstinência batendo e o ódio crescendo!
Com uma faca e as ideias erradas ele ta pronto
Pra tirar a sua alma!
Em troca de um relógio, de uma corrente falsa!
De um carro velho ou o que tiver na mala!

Quase 7 horas, na hora de ir embora
Sozinha na sua sala ela chora!
Mas de repente uma chamada urgente
Tem uma reunião e ela tem que tá presente!
Dispensa o motorista, em casa nem avisa!
Ela chama um táxi, a noite tá tão linda!
Não acabou tão tarde, uma fuga pra ansiedade
Sentiu a liberdade foi andar pela cidade

Quase 10 horas e ele puto pra caralho!
Definhando, resmungando
Os homi já deu um esculacho!
Mas ele não desisti, continua tentando
Achar uma brecha pra passar um otário!
Ele já não sente, ele já não pensa!
Ele não entende as consequências!
Ele não é burro mas a droga mudou tudo!
Não liga pra sua vida, ninguém vai ficar de luto!

Sentada na praça olhando o celular
Umas 11 da noite, não tinha ninguém lá!
Olhando foto antiga tentando se motivar!
A cabeça tava longe mas o perigo não tá!

Ele avistou ela ali sentada
A brecha que esperava, desamparada!
Foi por trás com a faca no pescoço e anunciou
O assalto, ela gritou, ele cortou, ela sangrou!

Ela sentia o sangue escorrendo!
Sem entender nada o celular tava tremendo
Seu marido escrevendo sobre seu arrependimento
Meu Deus é muito sangue!
Tudo foi escurecendo

Ele pega bolsa e o celular!
Não se importa de ter cortado a sua jugular!
Ele vai trocar por droga, por pedra
É assim a história, escória de merda!