Águas de Março

Renovação e cotidiano em "Águas de Março" de Caetano Veloso

Em "Águas de Março", Caetano Veloso interpreta a letra de Tom Jobim destacando a ideia de que tudo na vida é passageiro, mas faz parte de um ciclo contínuo de renovação. Inspirada pelas chuvas intensas de março, a música utiliza uma sequência de imagens cotidianas — como "pau", "pedra", "carro enguiçado" e "luz da manhã" — para mostrar que a existência é feita de pequenos acontecimentos, tanto alegres quanto difíceis. A repetição dessas imagens cria um ritmo quase hipnótico, reforçando a sensação de fluxo e transformação constante.

A estrutura da canção, com versos que começam por "É...", constrói uma colagem de cenas aparentemente desconexas, mas que juntas transmitem a transitoriedade da vida. Trechos como "o fundo do poço", "o fim do caminho" e "um pouco sozinho" refletem momentos de cansaço e desânimo, enquanto outros, como "o projeto da casa" e "a promessa de vida no teu coração", trazem esperança e renovação. O ciclo das águas de março, que encerra o verão e prepara o terreno para o novo, funciona como uma metáfora para os altos e baixos da vida, mostrando que cada fim carrega a possibilidade de um recomeço. Assim, a música celebra a beleza do cotidiano e a força da natureza, transmitindo uma mensagem de resiliência e otimismo.