Carolina

A resignação e o tempo em "Carolina", de Caetano Veloso

Em "Carolina", Caetano Veloso retrata uma personagem que permanece alheia ao que acontece ao seu redor, mesmo diante de convites para dançar, flores que nascem e estrelas que caem. Carolina está presa à própria tristeza, e essa resignação ganha ainda mais peso quando lembramos que Caetano gravou a música durante seu exílio. O contexto histórico sugere que Carolina pode representar não só uma pessoa, mas também uma sociedade que, diante de mudanças e oportunidades, se deixa paralisar pela nostalgia e pelo medo.

A letra traz imagens como “uma rosa nasceu”, “uma estrela caiu”, “uma festa acabou” e “nosso barco partiu”, todas mostrando momentos de beleza, alegria ou transformação que Carolina não percebe. O refrão, “E só Carolina não viu”, reforça essa desconexão, mostrando como ela se fecha em sua dor e deixa de viver plenamente. A interpretação suave e melancólica de Caetano pode ser entendida como uma crítica à passividade diante das mudanças sociais e políticas, ampliando o significado da música para além do drama pessoal e tornando-a um retrato da perda e da incapacidade de se abrir para o novo.