O Que Será (À Flor da Pele)

Desejo e intensidade em “O Que Será (À Flor da Pele)”

"O Que Será (À Flor da Pele)", composta por Chico Buarque e interpretada por Caetano Veloso, explora o desejo e a paixão como forças que escapam ao controle e desafiam qualquer tentativa de repressão. A música transforma sentimentos pessoais em algo coletivo, sugerindo que o que "brota à flor da pele" é uma pulsão humana universal, impossível de ser contida por normas sociais, religiosas ou morais. Isso aparece claramente em versos como “nem dez mandamentos vão conciliar / nem todos os unguentos vão aliviar”, mostrando que nem regras, remédios ou rituais conseguem domar essa força.

A canção foi criada para o filme "Dona Flor e Seus Dois Maridos", inspirado no romance de Jorge Amado, onde a protagonista vive dividida entre dois amores. Esse contexto reforça a ideia de desejo intenso e conflitante. A expressão "à flor da pele" destaca emoções que se manifestam fisicamente, como rubor, suor e tremor, todos citados na letra. Chico Buarque já declarou que nem ele mesmo sabe ao certo o que existe por trás da letra, o que amplia o caráter enigmático da música e permite múltiplas interpretações: para alguns, é uma metáfora do desejo sexual; para outros, representa qualquer impulso vital que desafia limites e convenções.

A repetição de frases como “o que não tem medida, nem nunca terá / o que não tem remédio, nem nunca terá / o que não tem receita” reforça a ideia de que esse sentimento é inevitável e necessário. A música enfatiza a natureza indomável do desejo, tornando-o fonte de sofrimento e vitalidade, e se destaca como uma reflexão aberta sobre as forças que movem o ser humano.