Baile de Los Pobres

Orgulho e irreverência em “Baile de Los Pobres” do Calle 13

Em “Baile de Los Pobres”, Calle 13 utiliza a ironia para transformar a falta de dinheiro em motivo de orgulho, desafiando o estigma da pobreza. O verso “No tengo mucha plata, pero tengo cobre” destaca o cobre como símbolo de resistência e autenticidade, mostrando que o valor está nas experiências e na alegria compartilhada, não no status social. A música faz um contraste direto entre as classes sociais, com comparações bem-humoradas como “Tú vistes de seda, y yo de paja” e “Tú sudas perfume, yo sudo trabajo”, evidenciando as diferenças, mas também sugerindo uma aproximação e complementaridade entre esses mundos distintos.

A letra reforça que diversão e sensualidade não dependem de luxo, como em “No se necesita plata pa' moverse / Necesita onda y música cachonda” (Não é preciso dinheiro para dançar / Precisa de atitude e música animada). O baile dos pobres é descrito como espontâneo, intenso e livre de regras, com imagens como “se baila sin mantel, sin cubierto, sin bandeja” (se dança sem toalha, sem talher, sem bandeja) e “apretaditos como en una lata de sardinas” (apertados como em uma lata de sardinha), celebrando a vida simples e a proximidade física. O refrão repetitivo e a expressão “música cachonda” reforçam o clima irreverente e festivo. A crítica social aparece de forma leve, mas marcante, ao afirmar: “lo bueno de ser pobre al final de la jornada / es que nadie nos roba ¡¡porque no tenemos nada!!” (o bom de ser pobre no fim do dia / é que ninguém nos rouba porque não temos nada). Calle 13, assim, convida o ouvinte a valorizar a autenticidade e a alegria que surgem mesmo em meio às dificuldades, promovendo inclusão e orgulho das próprias origens.