Iara, a Mãe D'Água

Mistério e sedução folclórica em “Iara, a Mãe D'Água”

A música “Iara, a Mãe D'Água”, do grupo Cantigas Populares, mergulha no universo do folclore brasileiro ao retratar a figura mítica da Iara. A repetição constante de “Mãe da água” ao longo da canção não só reforça a presença hipnótica da personagem, mas também simula o efeito de encantamento atribuído à sereia na lenda: um chamado irresistível, quase ritual, que envolve e atrai quem ouve. A letra constrói uma atmosfera de mistério e perigo ao apresentar a Iara como uma bela indígena cabocla que vive nas profundezas do rio Amazonas, conectando diretamente à origem folclórica da personagem, marcada por elementos indígenas e europeus, além de temas como inveja, punição e transformação.

O verso “Sua voz a qualquer homem pode em encantar” destaca o poder sedutor da Iara, que, segundo a tradição, atrai homens para as águas profundas, de onde dificilmente retornam. A música também aborda o lado sombrio desse fascínio, como em “O coração mais apaixonado se partiu de terror” e “Por isso seus desamores hoje habitam no rio”, sugerindo que o encanto da Iara é tanto uma promessa de amor quanto uma sentença de perdição. O alerta final – “Cuidado, jovem viajante... Iara, de olhar fascinante, pode te levar a naufragar” – reforça o caráter ambíguo da personagem, ao mesmo tempo sedutora e perigosa. Assim, a canção utiliza repetições, imagens noturnas e metáforas ligadas ao canto e aos cabelos para transmitir o fascínio e o temor que cercam a lenda, mantendo o tom envolvente típico do folclore brasileiro.