A Mulher do Cacilheiro

A Mulher do Cacilheiro: Uma Jornada de Resiliência e Esperança

A música 'A Mulher do Cacilheiro' de Capicua é uma narrativa poética que retrata a vida de uma mulher imigrante, provavelmente de Cabo Verde, que trabalha como empregada doméstica em Lisboa. A letra começa descrevendo a rotina matinal da protagonista, que atravessa o rio Tejo de barco, o cacilheiro, para chegar ao seu trabalho. A imagem do torniquete, o ar frio da madrugada e os sons metálicos do cais criam um cenário vívido e melancólico, refletindo a dureza de sua vida cotidiana.

A canção aborda temas de sacrifício e saudade, destacando a luta diária da mulher para sustentar sua família. Ela se lembra dos filhos que deixou em casa e dos filhos da patroa que precisa cuidar. A letra também menciona a saudade de Cabo Verde e o desejo de um mundo mais justo, evidenciando a dualidade entre a vida que ela deixou para trás e a realidade que enfrenta em Portugal. A referência à revista Maria e às bolachas Maria sugere momentos de pequena distração e conforto em meio à rotina exaustiva.

Capicua utiliza metáforas poderosas para ilustrar a condição da protagonista. A ponte Salazar, agora chamada de 25 de Abril, simboliza a tentativa de unir dois mundos, mas o rio Tejo permanece como uma barreira intransponível. A mulher é descrita como uma heroína invisível, uma trabalhadora incansável que, apesar de sua importância, é negligenciada pela sociedade. A repetição do refrão 'Navegar é preciso, viver não é preciso' reforça a ideia de que a sobrevivência e a luta diária são inevitáveis, enquanto a vida plena e justa é um luxo inalcançável para muitos.

A música é um tributo à resiliência e à força das mulheres imigrantes, que enfrentam desafios imensos para garantir o sustento de suas famílias. Capicua, conhecida por suas letras socialmente conscientes e poéticas, oferece uma reflexão profunda sobre desigualdade, sacrifício e esperança, convidando o ouvinte a reconhecer e valorizar essas heroínas anônimas.