395px

Duplo Castigo

Carlos Bahr

Doble castigo

Desfile obsesionante de recuerdos
que al pasar me agobian, en mi noche infame.
Las manos que se abrieron suplicantes
y el triste llanto de mi pobre madre.
Rodé en la vida, sin saber porqué,
pagué mis culpas con mi libertad.
Y hoy, un remordimiento que me acosa
se une al cruel tormento de mi soledad.

Ya van diez años, nada más.
Diez años largos de esperar,
tras esas rejas implacables
que agobian todo afán de libertad.

¡Ya no me importa nada más!
No hay quien espere mi regreso.
¡Oh! Yo que para el mundo soy un muerto
porque la que me esperaba ya no vive más.

Las cartas que mi madre me mandaba cada mes,
dejaron de llegar un día.
Las mías retornaban sin respuesta,
yo ya no tuve mas valor ni vida.
Lloré en la celda por primera vez,
besé el retrato amado con fervor.
Entonces, un presidio del que nunca más saldré,
se abrió para mi corazón.

Duplo Castigo

Desfile obsessivo de lembranças
que ao passar me sufocam, na minha noite infame.
As mãos que se abriram suplicantes
e o triste choro da minha pobre mãe.
Girei na vida, sem saber por quê,
paguei minhas culpas com minha liberdade.
E hoje, um remorso que me persegue
se junta ao cruel tormento da minha solidão.

Já se passaram dez anos, nada mais.
Dez anos longos de espera,
depois dessas grades implacáveis
que sufocam todo desejo de liberdade.

Já não me importa mais nada!
Não há quem espere meu retorno.
Oh! Eu que para o mundo sou um morto
porque a que me esperava já não vive mais.

As cartas que minha mãe me mandava todo mês,
pararam de chegar um dia.
As minhas voltavam sem resposta,
eu já não tive mais coragem nem vida.
Chorei na cela pela primeira vez,
besei o retrato amado com fervor.
Então, um presídio do qual nunca mais sairei,
se abriu para meu coração.

Composição: Carlos Bahr