Doble castigo

Duplo Castigo

Doble castigo

Desfile obsessivo de lembrançasDesfile obsesionante de recuerdos
que ao passar me sufocam, na minha noite infame.que al pasar me agobian, en mi noche infame.
As mãos que se abriram suplicantesLas manos que se abrieron suplicantes
e o triste choro da minha pobre mãe.y el triste llanto de mi pobre madre.
Girei na vida, sem saber por quê,Rodé en la vida, sin saber porqué,
paguei minhas culpas com minha liberdade.pagué mis culpas con mi libertad.
E hoje, um remorso que me persegueY hoy, un remordimiento que me acosa
se junta ao cruel tormento da minha solidão.se une al cruel tormento de mi soledad.

Já se passaram dez anos, nada mais.Ya van diez años, nada más.
Dez anos longos de espera,Diez años largos de esperar,
depois dessas grades implacáveistras esas rejas implacables
que sufocam todo desejo de liberdade.que agobian todo afán de libertad.

Já não me importa mais nada!¡Ya no me importa nada más!
Não há quem espere meu retorno.No hay quien espere mi regreso.
Oh! Eu que para o mundo sou um morto¡Oh! Yo que para el mundo soy un muerto
porque a que me esperava já não vive mais.porque la que me esperaba ya no vive más.

As cartas que minha mãe me mandava todo mês,Las cartas que mi madre me mandaba cada mes,
pararam de chegar um dia.dejaron de llegar un día.
As minhas voltavam sem resposta,Las mías retornaban sin respuesta,
eu já não tive mais coragem nem vida.yo ya no tuve mas valor ni vida.
Chorei na cela pela primeira vez,Lloré en la celda por primera vez,
besei o retrato amado com fervor.besé el retrato amado con fervor.
Então, um presídio do qual nunca mais sairei,Entonces, un presidio del que nunca más saldré,
se abriu para meu coração.se abrió para mi corazón.