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Os Lobos e Ninguém

Carlos do Carmo

Letra

    Cresceu nas pedras
    Falou sozinho com a voz de relento
    Soube do sabor da morte, da sorte e do vento.
    Cresceu calado
    Dormiu sozinho na terra batida
    Marchou descalço no pó dos caminhos da vida.
    Guardou os rebanhos dos lobos à chuva e ao frio
    Suou tardes de terra dura na ponta do estio
    Comeu do pão magro
    Da magra soldada
    Largou a enxada
    Largou o noivado
    Largou p´ra cidade mais perto
    Para um pão mais certo.
    Malhou no ferro
    Abriu trincheiras, estradas.
    Sonhou.
    Andou no mato perdeu a infância.
    Matou.
    Marchou caldo
    Dormiu sozinho na terra batida
    Caiu descalço no pó dos caminhos da vida.
    E os lobos lá longe.
    E as asas de abutre sem cara.
    E o medo na tarde, na farda, no corpo, na arma
    Soldado na morte
    Do mato no norte
    Na sorte do vento
    No fogo da terra
    Nascido descalço
    Crescido nas pedras
    Dormido sozinho
    No pó do caminho
    Enxada
    Pão magro
    Relento
    Soldado
    Na ponta do estio.
    E o medo na tarde
    E os lobos lá longe.
    E as asas de abutre sem cara.


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