De Esquina

Retrato urbano e resistência em "De Esquina" de Cássia Eller

"De Esquina", interpretada por Cássia Eller, retrata o cotidiano das ruas sem idealizar ou julgar, mostrando tanto os perigos quanto a solidariedade e a resistência presentes na periferia. A repetição do verso “esquina, paranóia delirante, eu tô na paz” destaca essa dualidade: a esquina é um lugar de tensão constante, mas também de convivência, lazer e sobrevivência. A música aborda temas como o uso de drogas, festas, cerveja e encontros com amigos, ilustrando a rotina urbana de forma direta e realista.

O termo “paranóia delirante” funciona como uma metáfora para o estado de alerta de quem vive nas ruas, onde o perigo é constante, mas a busca por diversão e tranquilidade também faz parte do dia a dia. O trecho “chega de morte, de tiro, tô fora dessa puli, já tô fudido, estado crítico” expressa o desejo de escapar da violência e dos problemas, preferindo o convívio e a paz mesmo em meio ao caos. A letra valoriza a identidade da periferia, como em “meu território é o lado leste” e “sou um aliado do meu povo, periferia em paz”, mostrando orgulho de pertencer a esse espaço e a vontade de transformar a realidade sem perder o senso de comunidade.

A colaboração entre Cássia Eller, Xis e Nação Zumbi, além da sugestão de Theo para incluir a faixa no álbum, reforça o diálogo entre estilos e gerações, trazendo o hip hop para o centro da música brasileira. "De Esquina" é um retrato honesto e descontraído da vida nas ruas, equilibrando crítica social, celebração da cultura periférica e o desejo de paz em meio à “paranóia delirante” do cotidiano.