Estraga-prazeres

Os que ensina sobre o oceano ainda vive em aquário
Quem opina nunca viveu, só vê noticiário
Século que gentileza é perfil de otário
O tempo segue em frente, a humanidade ao contrário

Integridade é descartável se a pauta é o pódio
Ao passo em que o amor se esfria, se acentua o ódio
País movido a moralismo, fake news e sódio
Outra família que chora a cada novo episódio

Nos mar que nunca teve pra peixe, os pivetin se afoga
Enquanto se normaliza ostentação de álcool e droga
Mulheres morrem, outras vivem humilhadas
Quantas diminuídas que cresceram sendo abusadas

Redes sociais em seu estado mais crítico
Internet tá entupida com fã de político
Que curte carregar a idolatria como amuleto
Encarando a vida segundo Montéquio versus Capuleto

Alguns almejam o céu mas promovem o inferno
Alicerçando, dessa forma, a vulgarização da fé
Debates sobre aborto, nunca sobre abandono paterno
Quem não curte bater no peito sempre mete o pé

A lei é bem mais flexível pra quem tem um triplex
Anda de carro importado e usa Rolex
Discrepância que mancha os papiros
Quem recebe tiro da polícia e quem a recebe a polícia a tiros

Abuso de poder é uma estupidez gritante
Anseio de tá em alta não se resolve com voo
Mas o foco tá em saber qual participante
É o mais novo campeão do reality show

Personifico o pé na porta
O choro é livre e ele não me importa
Pra lenga-lenga eu não passo pano
Não tenho dó, bro, não sou piano

O papo é um só, dispenso sermões
Se criam regras, crio exceções
Cada frase um tiro, profiro canhões
Se criam discursos, crio ações

Tipo Brown, sincero e leal
Tipo eu, franco e original
Cada frase um tiro, sou uma parafal
Até Cristo voltar os falso passa mal

Sem tempo nenhum pra burrice e perreco
Manilha na mão é truco nos marreco
Saqueio o inferno, mantenho a postura
Na disposição, quero ver quem segura

Tô sempre bolado com o errado, não adianta
Reparo a bagunça e não fico pra janta
Se não traz avanço, também não atrasa
Os cria te busca no sofá de casa

Afinco demais, as pupila dilata
Se exala frieza é persona non grata
Sou a onda que leva o camarão que dorme
Sou o fogo da tocha, tipo Johnny Storm

Trampando dobrado, tenho a minha meta
Só paro quando ela tiver completa
Conduta condiz com o que sai dos lábios
Mato impostores e confundo sábios

Os que fala de liberdade ainda vive preso
Não se preocupa com quem morre quem vive ileso
Desordem clara em atitudes e dizeres
Por isso faço questão de ser um estraga-prazeres