O Tempo e a Eternidade

Sabedoria de Exu e ciclos de vida em “O Tempo e a Eternidade”

A música “O Tempo e a Eternidade”, do Chapéu de Palha (Duo), explora de forma serena e reflexiva os ciclos da vida, unindo temas como dor, amor, morte e renascimento. Um ponto central da canção é a influência da sabedoria de Exu, divindade afro-brasileira ligada aos caminhos e à comunicação. Essa presença aparece de maneira explícita no verso “foi a sabedoria de Exu que me salvou”, mostrando que aceitar as transformações da vida é um aprendizado espiritual e cultural importante, especialmente no contexto brasileiro. O trecho “um velho compadre meu disse que a vida não é assim, tão bela quanto eu pensava quando nasci, mas que seria sim, tão bela quanto eu a fizesse” reforça a ideia de que a beleza da vida depende das escolhas e experiências de cada um.

A letra utiliza metáforas para tratar da necessidade de transformação, como em “o amor é fruto e semente / sobre a necessidade de que a semente morra / para que o fruto nasça”. Aqui, a morte é vista não como um fim, mas como parte essencial do renascimento e da continuidade. O verso “não se pode por pedra no cadáver do amor” sugere que não devemos negar ou enterrar sentimentos passados, pois eles fazem parte do que o tempo constrói em nós. Ao final, a música reconhece que a dor pode demorar a passar, mas também aponta para a esperança e a renovação que chegam com um novo dia. Assim, “O Tempo e a Eternidade” valoriza a aceitação dos ciclos da existência, mostrando o tempo e a eternidade como dimensões complementares da experiência humana.