La Enharinada

Carnaval e tradição nos Vales Calchaquíes em “La Enharinada”

Em “La Enharinada”, Christian Herrera y Matacos retratam o carnaval dos Vales Calchaquíes como um momento de intensa celebração e liberdade. A referência ao “diablo fiero” que insiste em sair durante janeiro mostra como o carnaval é visto como um período em que os instintos são liberados e as regras do cotidiano ficam em segundo plano. O uso da farinha, presente já no título, simboliza a tradição local de jogar farinha uns nos outros, reforçando o espírito de brincadeira, união e pertencimento à comunidade.

A letra destaca elementos fundamentais do ritual carnavalesco, como o preparo do “avío” (itens essenciais como cigarro, vinho e folhas de coca), a importância das coplas (versos populares cantados) e a entrega à música e à festa. Trechos como “le prendo fuego a las cuestiones de amor” (“deixo de lado as questões de amor”) e “me empeñare el corazón” (“vou empenhar meu coração”) indicam que, durante o carnaval, as preocupações pessoais são deixadas de lado para dar lugar à celebração coletiva, mesmo sabendo que esse ciclo se repete anualmente. A menção à “pacha” (Pachamama, a Mãe Terra) e ao “pujllay” (espírito do carnaval) conecta a festa a uma dimensão espiritual e de gratidão. A promessa de voltar “a chayar” no próximo ano reforça a ideia de tradição cíclica e renovação dos laços comunitários, fazendo da música um retrato vibrante da cultura regional.