Compagni A Venire

Companheiros a Vir

Compagni A Venire

Poderei algum dia perdoarPotrò mai perdonare
você que anda pela casaa te che giri in casa
com o roupão sujocon la vestaglia unta
manchado de dordi macchie di dolore
por ter me alimentadodi avermi allattato
na corrente do seu malal fiume del tuo male
imprimindo no meu rostostampandomi sul viso
a angústia e sua cor.l'angoscia e il suo colore.

Poderei algum dia perdoarPotrò mai perdonare
você que ronda a casaa te che giri casa
orgulhoso das suas memóriasfiero nei tuoi ricordi
de liberdade passadadi libertà passata
por ter lutado contradi avere contrastato
minha coluna vertebralla mia spina dorsale
com medo de que euper paura che io
não te saísse igual.non ti venissi uguale

Poderei algum dia perdoarPotrò mai perdonare
seu amor cansadoal vostro amore stanco
o prazer secretoil piacere segreto
de uma noite distantedi una notte lontana
que me jogouche mi ha sbattuto
em um mundo extravagantein un mondo extravaginale
sem nem se perguntarsenza nemmeno chiedersi
se eu preferiria nascerse preferissi nascere
ou a morte gloriosao la morte gloriosa
de um aborto ilegal.di un aborto illegale.

Poderei algum dia perdoarPotrò mai perdonare
você, garoto magroa te ragazzo magro
todos os socos no rostotutti i pugni sul muso
que me deu por tédioche mi hai dato per noia
ou pra me ajudar a crescero per aiutarmi a crescere
ou pra endireitar meu narizo per raddrizzarmi il naso
ou pra me ver choraro per vedermi piangere
bem no meu quintal.proprio nel mio cortile.

Poderei algum dia te perdoarPotrò mai perdonarti
amigo de seis anosamico per sei anni
por ter me escutadodi avermi ascoltato
com um só ouvidocon un orecchio solo
tua traição negrail tuo tradimento nero
fim do nosso mundofine del nostro mondo
com a qual você se tornoucon cui sei diventato
um belo fascista loiro.un bel fascista biondo.

Poderei algum dia perdoarPotrò mai perdonarvi
vocês, meus amigos todosamici tutti quanti
o amor e a amizadel'amore e l'amicizia
que não me deramche non mi avete dato
e esse meu sangue frágile questo mio sangue fragile
meu pobre desastreil mio povero disastro
a culpa e a dorla colpa ed il dolore
de nunca ter sidodi non esser mai stato
pra nenhum de vocêsper nessuno di voi
nem mesmo um meio-irmão.nemmeno un fratellastro.

Poderei algum dia perdoarPotrò mai perdonare
você, menina pequenaa te ragazza piccola
o beijo que preferiuil bacio che hai preferito
jogar do balcãogettare dal balcone
aquele beijo que não mequel bacio che non mi hai
quis dar nem mesmovoluto regalare
no dia anteriornemmeno il giorno prima
da revolução.della rivoluzione.

Poderei algum dia perdoarPotrò mai perdonare
você, menina grandea te ragazza grande
por ter me usadodi avermi adoperato
por suas ciúmesper le tue gelosie
você e sua cidadea te e alla tua città
aquele pôr do sol de ventoquel tramonto di vento
em que eu partiin cui sono partito
feliz com mentiras.felice di bugie.

Poderei algum dia perdoarPotrò mai perdonare
vocês, minhas poucas mulheresa voi mie poche donne
por sempre me usaremdi avermi sempre usato
só pra se sentirem bemsolo per stare bene
como um ungüento docecome un unguento dolce
que seca uma feridache asciuga una ferita
aberta de medoaperta di paura
como um licor amargocome un liquore amaro
que é, no entanto, digestivoche è però digestivo
e digere a vida.e digerisce la vita.

Poderei algum dia perdoarPotrò mai perdonare
a Deus que não existeal Dio che non esiste
por ter arruinadodi avere rovinato
minha adolescênciala mia adolescenza
Sentado em uma pilhaSeduto su una pila
imensa de revistasimmensa di riviste
de mulheres nuas, provadi donne nude prova
da sua inexistência.della sua inesistenza.

Poderei algum dia perdoarPotrò mai perdonare
as pessoas de bemalla gente per bene
por terem amargadodi avere amareggiato
minhas bandeiras vermelhasle mie bandiere rosse
e por terem zombadoe di avere deriso
nas paredes da minha alegriasui muri della mia gioia
a imagem de Leninl'immagine di lenin
falando ao seu povo.che parla alla sua gente

Poderei algum dia perdoarPotrò mai perdonare
a mim mesmo, minha raivaa me stesso la mia rabbia
imensa e tempestuosaimmensa e tempestosa
cruel como um marcrudele come un mare
que arrasta os naviosche travolga le navi
e afoga os pescadorese affoghi i pescatori
que encontram a coragemche trovino il coraggio
de querer tentardi volerlo tentare
um mar que suas mulheresun mare che le loro donne
não saberão perdoar.non sapran perdonare.

Poderei algum dia te agradecerPotrò mai ringraziarti
companheiro desconhecidocompagno sconosciuto
pelo vinho que ofereceuper il vino che hai offerto
sem me perguntar o nomesenza chiedermi il nome
sem se informar demaissenza informarti troppo
sobre de onde eu vimdi dove ero venuto
quanto sangue saíadi quanto sangue usciva
da minha situação.dalla mia situazione.

Poderei algum dia agradecerPotrò mai ringraziare
a você, companheiro negroa te compagno negro
pelo "who love you?"per il "who love you?"
que quis me darche mi hai voluto regalare
como uma segurançacome una sicurezza
que nossa diferençache la nostra differenza
era um motivo a maisera un motivo in più
pra precisarmos conversar.per doverci parlare.

Poderei algum dia agradecerPotrò mai ringraziarvi
vocês, companheiros desconhecidoscompagni sconosciuti
sempre dispostosdisponibili sempre
a oferecer amor e vinhoad offrire amore e vino
perdidos neste mundosperduti in questo mondo
não em grandeza de homemnon a grandezza d'uomo
e nem de mulhere nemmeno di donna
e nem de criançae neanche di bambino
província de uma vidaprovincia di una vita
que deve acabar.che dovrà pur finire.

Poderei algum dia agradecerPotrò mai ringraziarvi
vocês, companheiros a vir.compagni a venire.