exibições de letras 290

Ritos da Estrada

Claudivan Santiago

Letra

    Há dias que em que às vezes me sinto distante
    Desapercebido das coisas de então
    Desprovido da consciência prática dos vivos
    Entulhado no negro mundo da ilusão
    Praticante de uma viagem solitária
    E - porquê não dizer - às vezes temerária
    Mergulhado numa realidade fantástica
    Que salta aos olhos e aos domínios do coração

    Esse quase-nada são os ritos da estrada

    Por vezes sinto um frio tão intenso
    E a alma no mais perfeito desalento
    Como se visse claro no céu cinzento
    As luzes que outrora deixei na estrada
    Distraído, me entrego nessa jornada
    Sem as vestes que me puseram ao nascer
    Sem os dissabores da minha partida
    Que ainda me fazem aos poucos morrer

    Esse quase-nada são os ritos da estrada

    Por vezes sinto ir além do infinito
    Um desertor da própria realidade
    Saio dos limites desse universo físico
    Onde não se vê nem se mede a verdade
    Onde a gente vive como se não fosse
    Um pouco de tudo e de tudo o nada
    Num cadafalso mais descabido
    Que não respeita um fio da nossa vontade

    Esse quase-nada são os ritos da estrada


    Por vezes me entrego nessa viagem
    Com a aura de um mágico aventureiro
    A rumar para o desconhecido com entusiasmo
    Em busca de um não-sei-quê raro e soberbo
    Numa fantasia que se faz alma
    De uma alma impura que não sabe o ermo
    Numa escalada que exige calma
    Uma aventura ao sabor do desejo

    Esse quase-nada são os ritos da estrada

    Deparo-me com os lânguidos
    brados dos desesperados
    Dos gentios esbaforidos
    pela ânsia da morte
    Estreito-me por entre arroubos
    de laivos tristes
    Enquanto soam-me temerosos gritos
    De almas nuas, de faces cruas
    Quase inúteis, à mercê da sorte

    Quando retorno dessa viagem atípica
    O vapor dos sonhos me cobre a face
    A luz da vida me devolve a consciência
    Como que numa esperança tosca de que eu me ache
    É quando recobro a força dos sentidos
    E num piscar de olhos, antes que eu relaxe
    Sinto cada pétala de flor dolorida
    Embora o ardor das dívidas do corpo me esculache

    Esse quase-nada são os ritos da estrada

    Reconheço a fraqueza entranhada em meus ossos
    Pois não conheço o plano da Alta Criação
    Creio que, por isso, sofro demasiadamente
    Sem saber ao certo quem está com a razão
    Procurando encontrar no meio de tanta gente
    O que foge dos olhos, não cabe na mente
    O que ainda não há nesse universo frágil e demente
    E muito menos está ao alcance da mão

    Esse quase-nada são os ritos da estrada


    Comentários

    Envie dúvidas, explicações e curiosidades sobre a letra

    0 / 500

    Faça parte  dessa comunidade 

    Tire dúvidas sobre idiomas, interaja com outros fãs de Claudivan Santiago e vá além da letra da música.

    Conheça o Letras Academy

    Enviar para a central de dúvidas?

    Dúvidas enviadas podem receber respostas de professores e alunos da plataforma.

    Fixe este conteúdo com a aula:

    0 / 500

    Opções de seleção