Pé No Estribo

Laços e saudade na vida gaúcha em “Pé No Estribo”

“Pé No Estribo”, de Cristiano Quevedo, explora a relação profunda entre o gaúcho e seu cavalo, mostrando que esse vínculo vai além do trabalho: é um elo afetivo que ajuda a construir a identidade e a memória do homem do campo. O verso “Era um abraço a lo largo / Prá dois loco sem família” destaca como o cavalo preenche um vazio emocional, sendo companhia e confidente em uma vida marcada pela solidão. Esse relacionamento é um símbolo forte da cultura tradicional do Rio Grande do Sul, onde o cavalo é parte essencial da existência do gaúcho.

A música traz um tom nostálgico e resignado, especialmente ao narrar a perda do cavalo por decisão de terceiros: “Uma lei da estância / Mando vende o meu amigo”. Isso evidencia a falta de controle do peão sobre seu próprio destino, um tema comum na vida rural. A frase “Vou viver com o pé no estribo / Quando encontrar meu cavalo!” funciona como metáfora para a esperança de reencontrar sentido e alegria, mesmo diante das adversidades. O “pé no estribo” simboliza estar sempre pronto para partir e buscar novos caminhos, sem se acomodar na tristeza. Expressões regionais e referências à rotina campeira, como “dormir encima da encilha” e “acordar com os galos”, reforçam a autenticidade da letra. Ao final, a música mostra a resistência do gaúcho diante das perdas, mantendo a esperança e a dignidade, mesmo ao “encilhar cavalos que não são meus”. “Pé No Estribo” é uma homenagem à cultura sulista, à força dos laços afetivos e à capacidade de seguir em frente apesar da saudade.