MÃOS AO ALTO (part. izxx e Vidari)

Violência policial e resistência em “MÃOS AO ALTO (part. izxx e Vidari)”

Em “MÃOS AO ALTO (part. izxx e Vidari)”, D$ Luqi, junto de izxx e Vidari, expõe de forma direta a rotina de violência policial enfrentada por jovens das periferias. A repetição da frase “Mãos ao alto, tá vindo de onde? Vai pra onde?” destaca como abordagens policiais se tornam parte do cotidiano, marcadas por desconfiança e desumanização, independentemente da conduta do indivíduo. A letra utiliza um tom agressivo e realista para denunciar o abuso de autoridade e o racismo estrutural, mostrando que a suspeita recai automaticamente sobre quem é considerado “da laia da tua gente, marginal”, mesmo quando o personagem se apresenta como estudante e trabalhador, sem antecedentes criminais.

A música detalha agressões físicas e psicológicas, como em “Pra me revistar é tapa, soco e chute até nas bola / Mas se eu reagir eu tomo tiro, é sempre a mesma história”, evidenciando a violência recorrente e a falta de alternativas para as vítimas. O verso “Eu sei que uma furadeira pra eles vira uma peça / E mesmo andando limpo, com eles algo sempre aparece” denuncia a criminalização de objetos comuns e a fabricação de flagrantes, prática comum em comunidades marginalizadas. Ao abordar a hipocrisia policial em “tu que tá mandado e tá com pó na viatura / E quer me forjar a todo custo”, a letra questiona a legitimidade da autoridade e expõe o duplo padrão social, reforçado em “Por que teu pai é polícia e tu tá chei de droga? Mãos ao alto / Ele passa pano, mas na rua qualquer pobre é nóia”. Assim, a música transforma a denúncia em resistência, usando uma linguagem crua para escancarar a violência institucional e o preconceito racial, temas centrais tanto para o coletivo Enmiosis quanto para a trajetória de D$ Luqi no cenário underground.