Cores do Axé

Relação entre ancestralidade e identidade em “Cores do Axé”

“Cores do Axé”, de Daniel Silva, explora a conexão entre a ancestralidade afro-brasileira e a celebração do axé, usando as cores e símbolos dos orixás como elementos centrais. Logo no início, a letra cita “Orum, Ayê” e “Olodumarê”, termos do candomblé que representam o mundo espiritual, o mundo material e a divindade suprema, respectivamente. O “branco de Oxalá” e a expressão “Xeu Êpa Babá” reforçam a reverência ao orixá da paz e da criação, enquanto “Kosi Ewê Kosi Orixá” (“sem folha não há orixá”) destaca a importância das folhas sagradas nos rituais afro-brasileiros.

A música segue exaltando outros orixás e seus elementos: Oxóssi (folha e seiva), Iansã (ventania), Ogum (fogo), Oxum (água doce), Yemanjá (águas salgadas) e Xangô (justiça e força), cada um associado a uma cor e aspecto da natureza. O verso “Pinta meu corpo retinto macumbeiro” expressa orgulho da identidade negra e da religiosidade de matriz africana, ressignificando termos antes marginalizados. A celebração se intensifica com referências ao xirê (roda de dança), ao tambor e ao ogã (sacerdote da música), elementos essenciais nos rituais do candomblé e no samba-enredo, como no desfile do Império da Tijuca em 2023, quando a música foi tema do enredo sobre ancestralidade e axé. Ao citar “Bahia é canjerê” e “gira baiana carregada de dendê”, a canção homenageia a cultura baiana, enquanto “Eu sou de Jorge, cavaleiro de batalha” faz referência a Ogum/São Jorge, símbolo de luta e proteção. O verso “me encontro no Batuk verde e branco” conecta o cantor à escola de samba Império da Tijuca, reforçando o samba como espaço de resistência e celebração multicultural. Assim, “Cores do Axé” se afirma como um manifesto de orgulho, fé e pertencimento às raízes afro-brasileiras.