No Meio do Agora
Danilo Gusmão
É que você não reparou
Que nós estamos flutuando
Num universo preto
Azul de vez em quando
E é só parar pra ver
Pra ver que haver verdade é
Tão pouco ou nada mais
Do que o que se pode ver
De olhos nus
A anos-luz, num dentro-invento
Onde esconde-se essa música aqui
Nada impede o que se expele
Os que trafegam em todas as mãos
E em som diferem e mesmo assim
Não passam de outra opinião
De tudo que se preparou
Durante anos, milênios
Engenhos, transgênicos, pelo meio
Menos que o tempo comporta
Mais do que o humano suporta
E enquanto esse dentro não sai
Em som, em gesto, em bênção
No meio do agora
Da hora só resta o momento
Da voz só há silêncio
Do sexo, o empreendimento
Do fogo, o seu perpétuo oposto
Venha me valer, oh nanã, venha me ajudar
Nesse mundo afora, nanã, onde eu andar
Sou filho de Deus, oh nanã, e nossa senhora
Peço a benção, oh nanã, no meio do agora
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