Carnival Of Fetuses

Carnaval dos Fetos

Nove meses em cativeiro.
Saí do útero, caí no chão.
Um gato cortou meu cordão umbilical, coberto de gosma, Nesta vida, o hálito dos meus cuidadores cheira a cola.
Cansado de esperar, pessoas me encarando,
Sodomia social em exibição.
Um carnaval de inveja manchada de sangue,
Ódio entrelaçado em mentiras e covas abertas.
Abro meus olhos para uma grande surpresa,
Para uma casa imunda.
Lixo no chão, agulhas no sofá,
Vidros quebrados e sangue pingando por toda parte.
Meu pai entra, ele tá puto como sempre.
Senta sua bunda gorda no sofá.
Enfia a agulha no braço (é tudo sobre você)
E pega uma garrafa e quebra na cabeça da minha mãe.
Ela cai no chão (sua vadia, estamos acabados)
Não aguento mais isso.
Isso não pode continuar.
Que inferno é esse que me jogaram?
Meu filho.
Eu dei vida, mas não te conheço de verdade.
Tanta dor, só tira isso de mim.
Assim como a vida, o sangue escorre e eu sou negado.
Corações sangrando, crianças gritando;
Um orgasmo de raiva constante.
Dedos apontados em espelhos enegrecidos.
Nunca pedi pelo que dei.
Ele me chuta pra fora,
Joga-me no carro, diz que eu não pertenço,
Me leva pro lixão, me joga pra fora,
Pisa na minha cabeça mais uma vez pra garantir
Pra que ele possa seguir em frente, e ri enquanto se afasta.
Nove meses e um dia.
Perda de tempo, perda da minha vida.
Se é isso que estou destinado, eu não vou existir.
Rolar no lixo,
Fio de arame, vidro quebrado até minha carne ser uma grande cicatriz.
Assim como a vida, o sangue escorre, e eu nunca mais.