exibições de letras 4.078

Semente

Deau

Letra

    O que é que uma semente tem a ver contigo?
    Escuta até ao fim aquilo que eu te digo
    Um dia deram-me uma semente, fechei-a na mão
    Corri a mostrá-la a toda a gente, inocente
    Exibi-a com orgulho e entre os dentes disse-lhe:
    - Vou-te dar o mundo, sê paciente
    Procurar um sítio onde
    O solo seja fértil e te fecunde
    As nuvens chorem e o sol não se esconde
    Mas nos subúrbios sítios desses existem onde?
    (Existem onde?)
    O sol é de cimento, o céu é tão cinzento
    Nuvens densas condensam os raios de sol lá dentro
    Existem muitas pessoas por metro quadrado de área
    Que antes de nascer tu já estás a ser calcada
    Abri a mão, senti-te na minha palma
    Eu não menti, juro-te do fundo da alma
    Dou a mão à palmatória, é aqui que a história acaba
    Comecei a dar-te o mundo e acabei por dar-te nada
    (Acabei por dar-te nada, acabei por dar-te nada, comecei a dar-te...nada)
    De repente, sopra uma rachada de vento, tento fechar a mão
    Não fui a tempo, foges entre os dedos
    Entro em desespero, espero o amainar desse sopro
    Que apela pelo teu bem-estar pouco a pouco
    Arrumo tudo para o lado, rumo em direção a ti
    Mas cada vez sopra mais, eu nunca mais te vi
    Eu corro para ti, por ti aqui perdido, decidido
    A encontrar-te, mas sou mal sucedido
    E eu só queria dar-te sol, água e sustento
    E dar-te amor, afecto e parte do meu tempo
    Desorientei-me sem rosa dos ventos
    Ao ver-te levada ao sabor do vento
    (Ao sabor do vento, ao sabor do vento)
    Eu nunca me esqueci de ti, apenas de ti
    Moras com barreiras para me lembrar que era aqui
    O sítio onde devias estar, desafiar a gravidade
    Lutar com raízes, libertar sementes mais tarde
    É verdade, acredites ou não
    Não há um dia que passe sem que me assombre a razão
    O dia em que sem contar, ia quando um passar
    E veio um vento forte e tu escapaste da minha mão
    Sabes quem me dera que isso não tivesse acontecido
    Porque apesar de tudo também podias ter sido
    Um cravo na ponta de uma espingarda
    Ou uma flor num ramo misturada, numa mão apaixonada
    Ser um malmequer com as pétalas certas
    Para lhe dizeres que bem lhe queres nas certas alturas
    Ser uma hera, trepar muros e moradias
    E brilhar todos os dias, sem medo de alturas
    Um girassol numa terra qualquer
    Ou uma flor no cabelo de uma mulher que se põe gira ao sol
    Ou então, um dente de leão
    Que espalha sementes ao vento em qualquer direção
    Mas não és e eu sei a razão
    É porque não consegui fechar a tempo a minha mão
    E desde aí que eu anseio o teu perdão
    (Perdoa-me)
    Desculpa, perdoa-me, talvez já não te lembres de mim
    Quando era pequena quiseste dar-me um jardim
    Procuraste mas no fim não encontraste
    E o vento levou-me para fora desse contraste
    Assim nos separámos e eu ainda te vi correr
    Mas ele soprou mais até que nos deixámos de ver
    Eu não te sei dizer para onde me levou
    Mas tudo aquilo que a tua boca me falou
    Havia calma, água e luz no solo
    Havia espaço, harmonia e a luz do sol
    Havia tudo um quase, tudo no mesmo espaço
    Mas faltava-me o amor desse teu abraço
    Por isso, pedi-lhe que me levasse de volta
    Que me deixasse cair mesmo à tua porta
    Onde é difícil crescer, mas não me importa
    Eu sabia que havia forma de dar a volta
    E apesar do meio não ter o que eu queria
    Nos subúrbios nuvens não se comovem, o sol não brilha
    Dizem que existe tudo no meio do nada
    Quantas vezes eu te vi sentado nessa calçada?
    Desanimado com a vida
    Despedaçado com a partida
    De entes queridos que não te avisaram da data da ida
    Inconformado por não teres ninguém ao lado
    Com quem partilhar os momentos que te têm inquietado
    O silêncio não se cala, tens um encontro com a solidão
    Ninguém te fala e os amigos não te encontram
    Foste vencido pelos princípios que defendes
    Amas ser livre e é por amor que te prendes
    Nessa altura, fazes algo que não te apercebes
    Os teus olhos são nuvens e a chuva que me concebes
    É força matriz que faz a minha raiz brotar
    E desafiar as leis da sobrevivência deste lugar
    Há dias em que te sentas nessa calçada
    Rasgas a cara com um sorriso
    Narras as vitórias que travas
    Neste piso, e nesse preciso instante
    Dá-me o que precisas tanto, sem te aperceberes do quanto
    E foi assim que eu cresci por aqui
    Não há nada no meio, mas há actos em ti:
    Os teus olhos fazem chuva
    A tua boca sol, quando ri
    Tu és aquilo que fazes com tudo o que fizeram de ti
    Acredita, conforme uma planta:
    Água e sol servem para fazer a fotossíntese
    Tu vives e cresces no seio do amor
    Das lágrimas e do sorriso de quem te ama
    Meu irmão, a vida é simples:
    Faz de ti a flor mais bonita do teu jardim
    Não tens de ser mais que os outros
    Mas tens de ser mais bonito aos teus olhos
    Mais simples e mais puro, meu irmão
    Percebeste, o que é que uma semente tem a ver contigo?
    O que é que uma flor tem a ver contigo?
    O que é que um jardim tem haver contigo?
    Espalha esta palavra a um amigo...


    Comentários

    Envie dúvidas, explicações e curiosidades sobre a letra

    0 / 500

    Faça parte  dessa comunidade 

    Tire dúvidas sobre idiomas, interaja com outros fãs de Deau e vá além da letra da música.

    Conheça o Letras Academy

    Enviar para a central de dúvidas?

    Dúvidas enviadas podem receber respostas de professores e alunos da plataforma.

    Fixe este conteúdo com a aula:

    0 / 500

    Opções de seleção