Hablando De Lobo A Lobo
Cuando así acabó el granuja
y le iba yo a dar su lugar,
vino a hablar de su persona
sin dejarse de halagar.
Y habló mucho,
y más que dijo de sus ventajas,
y entre ellas,
que los príncipes hoy día,
ya no se casan con plebeyas.
Pero que era lo de menos,
porque al fin su ilustre nombre
le otorgaba privilegios
que no tendría cualquier hombre.
Y ofreció que a las doncellas
iba pues a examinar,
para elegir la más bella
y darle la oportunidad
de un idilio borrascoso,
con un renombrado conde
que también tenía un palacio,
aunque no se acordó a dónde.
Cuando escuché tales suertes
que el truhán había pronunciado,
repliqué con tonos fuertes,
sarcásticos e indignados.
Y así dije... -Vaya, vaya.
Ya le salieron las mañas
a nuestro cuenta los cuentos,
al fino hombre de palabras.
Al mostrenco, mentiroso,
traicionero y lengua larga,
que llegó contando historias,
con la falta de memoria
que delata al boca floja,
que aprovecha la enseñanza
para bien de su persona.
Digo... que está perdido.
Ya le tengo entre mis garras,
y alcancé a verle la oreja,
al lobo que con piel de oveja
se ha colado hasta mi casa.
A lo que el engañabobos
contestó alzando una ceja.
-Me gustó cuando me dijo
de la oreja de la oveja...
¿o la oveja de la oreja
que se rascaría la ceja
que le picaba en su casa...?
¿Dijo algo de alguna oveja
que ya tenía entre sus garras?
¿Dijo que era usted un lobo
y que perdiera la esperanza?
No me acuerdo si me dijo
si era oveja negra o blanca,
si se cambió de rebaño
o sólo anda desbalagada;
si es la cena o la comida,
¿cómo rimó las palabras?
A lo que yo contesté
algo confundido... de momento:
-Vaya hombre, pues la verdad
es que tampoco yo me acuerdo.
-¡No se acuerda, no se acuerda!
-murmuró-.
-Tampoco yo.
Bueno, ¿en dónde nos quedamos?
¡Ah sí!, porque interrumpió
este caballero mi enseñanza,
y es algo que no tolero,
comentarios del primero
que quiera tomar confianza.
De tal modo,
le conmino a que cese de interrumpir,
conque... cálleseme ya
y que no se vuelva a repetir.
Y se me quedó mirando
de modo reprobador,
a lo que bajé los ojos, y le dije:
-Por favor... continúe... ande,
vamos, cuéntenos más... narrador.
Hizo como quién lo piensa,
mientras duda y se resuelve,
y continuó diciendo:
-Bueno, lo haré, cuando me lo rueguen.
Y entonces, todos a coro,
y aunque el recordar me apena,
dijimos de grave modo:
-Te rogamos, sinvergüenza.
Él, nos miró horrorizado
ante tan tamaña ofensa
y un anónimo aclaró:
-Conde Bruno...
no dijimos lo que piensas.
Faltó la separación:
Te rogamos sin vergüenza.
Y él, recordando esas tretas
que nos juegan las palabras,
exclamó:
-Muy bien, prosigo,
pero ya no digan nada.
Y yo recordé de pronto su engaño,
¡ah!, pero era tarde,
y a punto ya de golpearle
me contuve todavía.
Y me acerqué
para anunciarle:
-Voy a desenmascararle,
aunque pierda todo el día.
Pero él ya no me escuchaba,
estaba en otro lugar
y se acompaño en la guitarra
mientras comenzó a contar...
-Yo he venido de muy lejos,
y de todas partes soy,
llevo mi vida en la mano,
como el pájaro en la voz.
Ando por caminos viejos
y aunque de estos no me quejo,
al más alto soberano
nunca le debí el favor
de pensar en lo que pienso,
de ganármelo en mi mano,
de valer por lo que cuesto,
y por lo que soy yo, son estos:
Los cantares de un gusano.
Falando De Lobo Para Lobo
Quando assim acabou o vagabundo
E eu ia dar seu lugar,
Veio falar de si mesmo
Sem parar de se elogiar.
E falou muito,
E mais do que disse de suas vantagens,
E entre elas,
Que os príncipes hoje em dia,
Já não se casam com plebeias.
Mas que isso era o de menos,
Porque afinal seu ilustre nome
Lhe concedia privilégios
Que não teria qualquer homem.
E ofereceu que às donzelas
Ia então examinar,
Para escolher a mais bela
E dar a oportunidade
De um idílio tempestuoso,
Com um renomado conde
Que também tinha um palácio,
Embora não se lembrou aonde.
Quando ouvi tais sortilégios
Que o patife havia pronunciado,
Repliquei com tons fortes,
Sarcásticos e indignados.
E assim disse... -Olha só.
Já lhe saíram as manhas
Ao nosso contador de histórias,
Ao fino homem de palavras.
Ao grosseiro, mentiroso,
Traiçoeiro e língua solta,
Que chegou contando histórias,
Com a falta de memória
Que delata o boca mole,
Que aproveita o ensinamento
Para bem de sua pessoa.
Digo... que está perdido.
Já o tenho entre minhas garras,
E consegui ver sua orelha,
Do lobo que com pele de ovelha
Se infiltrou até minha casa.
Ao que o enganador
Respondeu levantando uma sobrancelha.
-Gostei quando me disse
Da orelha da ovelha...
Ou a ovelha da orelha
Que coçaria a sobrancelha
Que coçava em sua casa...?
Disse algo de alguma ovelha
Que já tinha entre suas garras?
Disse que era você um lobo
E que perdesse a esperança?
Não me lembro se me disse
Se era ovelha negra ou branca,
Se trocou de rebanho
Ou só anda descontrolada;
Se é o jantar ou a comida,
Como rimou as palavras?
Ao que eu respondi
Algo confuso... de momento:
-Você sabe, a verdade
É que também não me lembro.
-¡Não se lembra, não se lembra!
-Murmurou-.
-Também não.
Bom, onde paramos?
Ah sim!, porque interrompeu
Este cavalheiro minha lição,
E é algo que não tolero,
Comentários do primeiro
Que queira tomar confiança.
De tal modo,
Eu o convido a que cesse de interromper,
Com isso... cale-se já
E que não se repita mais.
E ele ficou me olhando
De modo reprovador,
Ao que baixei os olhos, e lhe disse:
-Por favor... continue... vai,
vamos, conte-nos mais... narrador.
Fez como quem pensa,
Enquanto hesita e se resolve,
E continuou dizendo:
-Bom, farei isso, quando me pedirem.
E então, todos em coro,
E embora lembrar me entristeça,
Dissemos de modo sério:
-Te rogamos, sem vergonha.
Ele, nos olhou horrorizado
Diante de tão grande ofensa
E um anônimo esclareceu:
-Conde Bruno...
não dissemos o que você pensa.
Faltou a separação:
Te rogamos sem vergonha.
E ele, lembrando dessas artimanhas
Que as palavras nos pregam,
Exclamou:
-Muito bem, prosseguirei,
Mas já não digam nada.
E eu lembrei de repente de seu engano,
Ah!, mas era tarde,
E prestes a golpeá-lo
Ainda me contive.
E me aproximei
Para anunciar-lhe:
-Vou desmascará-lo,
Embora perca todo o dia.
Mas ele já não me ouvia,
Estava em outro lugar
E se acompanhou na guitarra
Enquanto começou a contar...
-Eu vim de muito longe,
E de todas as partes sou,
Levo minha vida na mão,
Como o pássaro na voz.
Ando por caminhos velhos
E embora destes não me queixe,
Ao mais alto soberano
Nunca lhe decretei o favor
De pensar no que penso,
De ganhá-lo na minha mão,
De valer pelo que custei,
E pelo que sou eu, são estes:
Os cantares de um verme.