Axé (part. Djonga e BK)

Racismo estrutural e orgulho negro em “Axé (part. Djonga e BK)”

“Axé (part. Djonga e BK)”, de Dfideliz, traz uma crítica direta ao racismo estrutural no Brasil, mostrando como o sucesso de homens negros é constantemente atravessado por barreiras e hipocrisias. Logo no início, Dfideliz ironiza o fato de ter conquistado dinheiro “só sendo preto”, mas sugere que poderia ter ido ainda mais longe se fosse branco, escancarando a desigualdade racial. A letra também destaca a inversão de papéis sociais, como quando pessoas brancas, inclusive a filha de um racista, buscam proximidade com ele após sua ascensão, revelando hipocrisia e a fetichização do homem negro. Esse tema aparece também no verso de Djonga, que fala sobre o interesse superficial de mulheres brancas e a cobrança social que acompanha o acesso a privilégios antes negados.

Djonga reforça a importância da arte como ferramenta de conscientização, dizendo “Djonga não lacra, Djonga abre caminho”, e usa a metáfora do parto para falar sobre o despertar da consciência social. BK, por sua vez, denuncia a apropriação cultural e critica jovens brancos que consomem a cultura negra sem vivenciar suas dores, além de apontar a incoerência de apoiar políticos que prejudicam a população negra, como na referência ao “pai que votou em Bolsonaro” e depois paga aborto para a filha. O refrão, ao saudar Oxóssi e afirmar a fé nas religiões afro-brasileiras, reforça a resistência e o orgulho da identidade negra. Assim, a música se torna um manifesto de resistência, orgulho e denúncia, celebrando a força e a ancestralidade negra diante das tentativas de apagamento histórico.