exibições de letras 2.228

Monólogo Das Mãos

Dig Duarte

Letra

    Para que servem as mãos?
    Para pedir, prometer, chamar, conceder
    Ameaçar, suplicar, exigir, acariciar, recusar
    Interrogar, admirar, confessar, calcular
    Comandar, injuriar, incitar, teimar, encorajar
    Acusar, condenar, absolver, perdoar, desprezar
    Desafiar, aplaudir, reger, benzer, humilhar
    Reconciliar, exaltar, construir, trabalhar, escrever

    A mão de Maria Antonieta, ao receber o beijo de Mirabeau
    Salvou o trono da França e apagou a auréola do famoso revolucionário
    Múcio Cévola queimou a mão que, por engano, não matou Porcena
    Foi com as mãos que Jesus amparou Madalena
    Com as mãos David agitou a funda que matou Golias
    As mãos dos césares romanos decidiam a sorte dos gladiadores vencidos na arena
    Pilatos lavou as mãos para limpar a consciência
    Os anti-semitas marcavam a porta dos judeus
    Com as mãos vermelhas como signo de morte!

    Foi com as mãos que Judas pôs ao pescoço o laço que os outros Judas não encontram
    A mão serve para o herói empunhar a espada e o carrasco, a corda
    O operário construir e o burguês destruir
    O bom amparar e o justo punir; o amante acariciar e o ladrão roubar
    O honesto trabalhar e o viciado jogar
    Com as mãos atira-se um beijo ou uma pedra
    Uma flor ou uma granada, uma esmola ou uma bomba!
    Com as mãos o agricultor semeia e o anarquista incendeia!
    As mãos fazem os salva-vidas e os canhões
    Os remédios e os venenos; os bálsamos e os instrumentos de tortura
    A arma que fere e o bisturi que salva

    Com as mãos tapamos os olhos para não ver
    E com elas protegemos a vista para ver melhor
    Os olhos dos cegos são as mãos
    As mãos na agulheta do submarino levam o homem para o fundo como os peixes
    No volante da aeronave atiram-nos para as alturas como os pássaros
    O autor do "Homo Rebus" lembra que a mão foi o primeiro prato
    Para o alimento e o primeiro copo para a bebida
    A primeira almofada para repousar a cabeça
    A primeira arma e a primeira linguagem
    Esfregando dois ramos, conseguiram-se as chamas

    A mão aberta, acariciando, mostra a bondade
    Fechada e levantada mostra a força e o poder
    Empunha a espada, a pena e a cruz!
    Modela os mármores e os bronzes
    Dá cor às telas e concretiza os sonhos do pensamento
    E dá fantasia nas formas eternas da beleza
    Humilde e poderosa no trabalho, cria a riqueza
    Doce e piedosa nos afetos medica as chagas
    Conforta os aflitos e protege os fracos

    O aperto de duas mãos pode ser a mais sincera confissão de amor
    O melhor pacto de amizade ou um juramento de felicidade
    O noivo para casar-se pede a mão de sua amada
    Jesus abençoava com as mãos
    As mães protegem os filhos cobrindo-lhes com as mãos as cabeças inocentes
    Nas despedidas, a gente parte, mas a mão fica
    Ainda por muito tempo agitando o lenço no ar
    Com as mãos limpamos as nossas lágrimas e as lágrimas alheias

    E nos dois extremos da vida
    Quando abrimos os olhos para o mundo e quando os fechamos para sempre
    Ainda as mãos prevalecem
    Quando nascemos, para nos levar a carícia do primeiro beijo
    São as mãos maternas que nos seguram o corpo pequenino
    E, no fim da vida, quando os olhos fecham e o coração para
    O corpo gela e os sentidos desaparecem, são as mãos
    Ainda brancas de cera, que continuam na morte as funções da vida
    E as mãos dos amigos nos conduzem
    E as mãos dos coveiros nos enterram!


    Comentários

    Envie dúvidas, explicações e curiosidades sobre a letra

    0 / 500

    Faça parte  dessa comunidade 

    Tire dúvidas sobre idiomas, interaja com outros fãs de Dig Duarte e vá além da letra da música.

    Conheça o Letras Academy

    Enviar para a central de dúvidas?

    Dúvidas enviadas podem receber respostas de professores e alunos da plataforma.

    Fixe este conteúdo com a aula:

    0 / 500

    Opções de seleção