De Juazeiro Para a Base Dos Aratus

Recruta que reclamava da humilhação
Calçava sapato de ferro
Carregava nos ombros
Uma tal Coca-Cola
Um projétil de canhão

Na ditadura cruel a consciência ia pro Bailéu!
Castigo violento, submissão, distanciamento
Reforço negativo, sofrimento, humilhação
Só despertam revoltas no coração
A verdade é quântica e relativa
Mas não tem como defender assédio moral
Tortura disfarçada de treinamento legal

Toda crítica é um ato de amor
No fundo quer expressar
Um sentimento de amor e adoração
A um país, pessoa, Instituição
A Escola de Formação foi o pior e o melhor dos tempos
Meu alvorecer e meu entardecer
Minha calmaria e meu tormento
Minha esperança e meu desalento
Velha Base Naval! Somos parte de tua história
E de todas as turmas, eu sei de cor

A nossa foi a melhor
Quando o curso acabou
Alguns voltaram para Juazeiro
Eu fui para o Rio de Janeiro
Embarcar num Bico-Fino Contratorpedeiro
Nunca mais reencontrei nenhum companheiro
Os contatos se perderam
Alguns até já morreram
Toda crítica é um ato de amor
No fundo quer expressar
Um sentimento de amor e adoração
A um país, pessoa, Instituição

Da Escola de Formação que conheci
Lembro com respeito e gratidão
Do sargento Neto, do cabo Oséias, do cabo Carvalho e do cabo Jurandi
E também dos meus campanhas de fé
Manoel Batista, Gilvandro, Antônio Carlos e Anselmo Jacaré
Recebam um abraço deste velho irmão
Que saudade me dá
Dos caça-minas Javari e Juruá
De quem não lembro, eu lamento, muito lamento
Infelizmente o nome se perdeu na fronteira do esquecimento

Nesta canção quero me despedir com alegrias
Lembrando das belas pescarias
Entre São Tomé, Aratu e Ilha de Maré
A vida é uma eterna navegação
Um dia todo mundo vai se encontrar
Na eternidade, no silêncio da imensidão

Toda crítica é um ato de amor
No fundo quer expressar
Um sentimento de amor e adoração
A um país, pessoa, Instituição