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Refém Da Vida

Dread Roots

Letra

    Mais um camburão dobrou a esquina
    Mais uma morte, um noticiário, uma família
    À espera de seu Zé que sempre trazia
    O pão de cada dia com suor do seu duro trabalho.
    Aquele dia era só mais um dia normal
    Acordava cinco e meia e ia direto pro hospital
    Auxiliar de enfermagem era sua profissão
    Tinha muito orgulho disso trabalhava com o coração

    Em seu emprego era bem reconhecido
    Muito longe pra quem era só mais um preto fudido.
    Trabalhava desde os nove como engraxate
    Com a pressão das ruas, aos 13 já fumava crack
    Parou o estudo para sustentar seu vício
    Cabeça de moleque fraca, ele sabia disso
    No início era fácil, depois começou a complicar
    O trocado que ele usava começou a lhe faltar
    Achou uma coisa que lhe dava muito mais dinheiro
    Vapor da boca, pouco a pouca ele fazia o seu conceito
    No domingo era folga na boca Tonhão
    Futebol, com o pé descalço era a sensação

    A cada dia que passava ele ganhava mais respeito
    Bermudas, camisas e um batidão no peito
    Achou no trafico um esconderijo para sustentar
    Seu vício, resquício de alma má
    Veio gerente da boca botou o ferro na sua mão
    Disse: meu amigo agora você vai fazer uma missão
    Pegar o busão pra zona Sul pra fornecer a playboyzada
    Ele sabia, havia algo de errado na estrada
    Numa encruzilhada ele via
    A porta de uma viatura que agora se abria
    Se correr os homi atira, se ficar os homi pega
    Guerreiro do morro nunca amarela

    Entre quatro paredes ele se via sentado num canto
    E com sede de matar, é, sede de matar
    O ódio em sua mente aflorava e fazia surgir idéias que nunca
    estariam ali
    O prazer de viver, só vivendo pra crer. A fuga perfeita foi
    aparecer

    Aos dezoito, reviravolta em sua vida
    Seu pai matou sua mãe por causa de bebida.
    José decide mudar, vou pra escola me formar
    Já ta na hora do colégio acabar
    Descolou um trabalho num super mercado
    Foi despedido, pois pegaram ele queimando um baseado
    Ele queria ser só do bem, mas a sociedade o condena também, sou
    refém

    Mas José era um vencedor
    Deu a volta no destino
    Como todo sofredor
    Os seus filhos ele criou com muito amor
    Mesmo sem dinheiro sua família sustentou
    Quem foge da realidade no céu não vira doutor

    Umas 10 ele pegava o caminho de casa
    Aos 33 sua família já estava formada
    Do hospital ele saia morgado
    Trabalhava o dia inteiro e no final fumava um baseado
    Agora parecia tudo corrigido
    Ele lutou a vida toda pra não ser bandido
    Ele não merecia isso Jose era trabalhador
    Bum bum bum e acabou

    Ele era só mais um, a história de um homem comum
    Entre barracos um corpo tapado
    Tiro na nuca corta a vida de aliado
    Milhões e milhões, barracos, mansões
    Jovens cercados de ilusões
    Menos um batalhador, mais um santo salvador
    Um verdadeiro refém da vida...

    Composição: Diego Azevedo / Pedro Dugin. Essa informação está errada? Nos avise.

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