Entre Condomínios e Vielas

Cansei de ser vítima
Mais um mal exemplo para sociedade
Abreviei as inicias
E fiz o meu nome na comunidade

Aproveita o morro tá em paz
Tranquilo porque o baile hoje é até mais tarde
Dinheiro pode até compra a mídia mas
Nunca vai ofuscar a realidade

Do golzinho preto na noite ofuscado
Com cinco bico bem guardado
Com o porta mala lotado

Não escondo que isso já me encheu os olhos
Grana e poder, e um pente adaptado

Muitos que sonham com isso
E preferem viver disso
Morre e vira só um lixo pro estado

Percebi que agora não quero ser um nome excluído
Agora eu quero ser um nome bem lembrado

Mano, revi minhas ações
Nenhuma me trouxe resultado
Escolhi investir em mim mesmo
E nunca esperar investimento do estado

Que sempre tá no estado crítico
Com dívidas e o dinheiro contado
Quem dera eu nesse estado crítico
De fazendas, de mansões e carros

Quantas gente já me íntimou
Eu não pude falar nada, perdi a moral calado
Foda-se quem me Intimidou
Que de tanto intimidar hoje tá em um caixao fechado

Mano, eu sei que é dinheiro não é tudo
Mas tudo que eu quero é dinheiro
Não é que eu faço por grana
Mas eu só queria um ape maneiro

Porque dinheiro move o mundo
É o mundo nunca move o dedo
Não é má força de vontade
Porque eu me entrego sem medo

Ver minha mãe ralando só pra pagar conta mano
É tudo isso que me causa revolta
Cansei de ficar vivendo só de onda
Agora quero saber da reviravolta

É muita gente envolvido nos esquema
Só problema, mas a sociedade só julga a favela
É comum, a mídia ensina que o morro é risco
Do condomínio acreditam no que eles vê na tela

Por isso eu vivo, e vejo tudo
Entre condomínios e vielas
Entre a pobreza e a riqueza
Entre o ódio e a tristeza
Daqui de cima vejo burguêsia em sequela

E aqui encima, eu tenho tudo
Felicidade exala mesmo na miséria
Por isso tiro a minha motivação
Nas crianças, nas famílias
É claro no sorriso delas

Já tentaram comprar minha voz
Mas não tiveram o valor pra pagar
Que o valor da minha voz é a paz
E paz não tem como financiar

Nessa crise financeira
Só produto de primeira
Que também tem cor da paz
Pronto pra tu inalar

Mas não me perco por bobeira
Nem que eu force, nem que eu queira
Nunca vou fazer a besteira
Da minha voz se calar

Então pera aí, olha lá
Eles tão fazendo guerra como se fosse Alá
Não é por isso que eu vou trepidar
Se Deus tá na minha frente ninguém vai me acertar