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Marimbokan

Edgar

Letra

    O repórter invade a minha vida
    Explora a minha miséria
    Comove a sua plateia
    Com lágrimas
    De meu coração
    Seco
    Igual ao sertão

    Meus pés descalços
    Nesse solo rachado
    Meus pés rachados nesse solo
    Descalço
    Os meus pés

    Além de câmeras pra gravações
    Roteiros de documentários
    Me surpreenderia mais a sua equipe invadindo o meu sertão
    Com galões de água potável
    Sacos de mantimentos
    E rações pro gado

    Deus sol, Deus chuva, revezem mais

    Pois ainda esperamos os arranha-céus
    Uns primos contemporâneos da torre de babel
    Que cutucam o céu até escorrer a chuva
    Que vem lavando o cenário
    E me puxa
    Desse meu lado imaginário
    Onde os urubus não formam um arco negro no céu
    Lá não

    Deus sol, Deus chuva, revezem mais

    Que o acaso não faça caso
    E nossas caminhadas se cruzem
    No descompasso de cada passo
    Desse ritmo de vida escasso
    Descalço pisando nas estrelas cadentes
    As vezes faz bem se apaixonar de repente
    Ir ver o mar pessoalmente
    No céu dando um beijo
    Lindos, íntimos amigos
    Se o dia estiver bonito eu até assopro um assovio

    Zé da luz
    Cordel e embolada
    Pois o meu ritmo consagra
    Cem anos de baião de Luiz Gonzaga


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