A quoi ça sert l'amour ? (part. Théo Sarapo)

O amor como entrega e esperança em “A quoi ça sert l’amour ?”

A música “A quoi ça sert l’amour ? (part. Théo Sarapo)”, interpretada por Édith Piaf e Théo Sarapo, ganha um significado ainda mais profundo quando se considera o contexto pessoal dos artistas. Piaf e Sarapo eram recém-casados na época da gravação, apesar da diferença de idade e da saúde debilitada de Piaf. O dueto vai além de uma reflexão filosófica sobre o amor: é também um registro íntimo de um casal que viveu esse sentimento de forma intensa em seus últimos momentos juntos.

A letra questiona o sentido do amor, reconhecendo tanto as dores quanto as alegrias. No trecho “L'amour ne s'explique pas / C'est une chose comme ça / Qui vient on ne sait d'où / Et vous prend tout à coup” (“O amor não se explica / É uma coisa assim / Que vem não se sabe de onde / E te toma de repente”), o amor é apresentado como algo inexplicável e inevitável, capaz de transformar a vida. A canção alterna entre o ceticismo e a esperança, abordando as decepções e sofrimentos, mas também a capacidade do amor de deixar lembranças doces e eternas: “Même quand on l'a perdu / L'amour qu'on a connu / Il vous laisse un goût de miel / L'amour c'est éternel” (“Mesmo quando se perde / O amor que se conheceu / Ele deixa um gosto de mel / O amor é eterno”). O diálogo entre Piaf e Sarapo reforça que, apesar das dores e perdas, o amor é o que dá sentido à existência. O trecho final, “Mais toi, t'es le dernier / Mais toi, t'es le premier / Avant toi, y avait rien / Avec toi, je suis bien” (“Mas você, é o último / Mas você, é o primeiro / Antes de você, não havia nada / Com você, eu estou bem”), se torna uma declaração de entrega total e esperança renovada, especialmente à luz da história real do casal. Assim, a canção celebra o amor em toda sua complexidade, reconhecendo suas contradições, mas afirmando seu valor essencial na vida.