Afrofuturo

Afrofuturo: reinvenção negra e esperança no presente

Em "Afrofuturo", Ellen Oléria propõe uma atualização das raízes afro-brasileiras, indo além do resgate da ancestralidade para uma reinvenção ativa e tecnológica da identidade negra. O termo "afrofuturo", presente no título e no refrão, indica essa intenção de projetar novos caminhos a partir da herança africana, alinhando-se ao conceito do afrofuturismo. Ao mencionar imagens como "sangria" e "corte profundo na madeira", a artista faz referência tanto à dor histórica da diáspora africana quanto à possibilidade de transformação e cura. Esses elementos dialogam com rituais de purificação e resistência, como em "taca fogo e queima palha" e "fino o fio da navalha", onde o sofrimento é convertido em força e renovação.

A letra destaca a busca por afirmação e superação, especialmente em versos como "quero minha alma zen / não dou a mão à palmatória" e "quero agora, não só pra futuras gerações". Ellen Oléria reivindica protagonismo negro no presente, utilizando a arte e a tecnologia como ferramentas de transformação, sem esperar apenas por mudanças futuras. A fusão de ritmos tradicionais com arranjos modernos, presente na música, reforça essa mistura de ancestralidade e desejo de mudança imediata, como em "quebrando os padrões, saindo dos porões". O refrão "minha voz no ar" simboliza a força da expressão artística como instrumento de resistência, cura e esperança coletiva.