Cambalache

Cambalache: Um Retrato Cínico da Sociedade

A música 'Cambalache', composta pelo argentino Enrique Santos Discépolo em 1934, é uma crítica mordaz à sociedade de sua época, que pode ser facilmente estendida aos dias atuais. A letra expressa uma visão cínica do mundo, onde a moral e a ética parecem ter se dissolvido no caos do século XX. Discépolo descreve um cenário onde não há distinção entre o bem e o mal, o honesto e o corrupto, o ignorante e o sábio.

O termo 'cambalache', que pode ser traduzido como 'troca' ou 'bazar', é usado metaforicamente para representar a troca de valores que o autor percebe na sociedade. Ele menciona figuras históricas e fictícias, misturando-as sem distinção, para ilustrar como a sociedade perdeu a capacidade de diferenciar heróis de vilões. A música sugere que a sociedade se tornou um lugar onde a sobrevivência depende da esperteza e da capacidade de tirar vantagem dos outros, em vez de um sistema baseado em mérito e justiça.

A expressão 'el que no llora, no mama, y el que no afana es un gil' (quem não chora, não mama, e quem não rouba é um tolo) encapsula a ideia de que a honestidade é vista como ingenuidade. 'Cambalache' é um retrato desencantado de um mundo onde os valores estão invertidos, e a integridade é uma moeda em desuso. A música é um convite à reflexão sobre a ética e a moralidade em uma sociedade que parece premiar o comportamento imoral.