Cry For The Moon

Hipocrisia religiosa e justiça em "Cry For The Moon"

"Cry For The Moon", da banda Epica, aborda de forma direta a hipocrisia e os crimes cometidos por membros da Igreja Católica, com foco especial nos casos de abuso sexual infantil. O título, que pode ser traduzido como "querer o impossível", reforça a sensação de impotência diante da busca por justiça em situações em que o poder institucional protege os culpados. A letra denuncia como líderes religiosos, que deveriam ser exemplos de moralidade, "acusam outros de pecados cometidos por eles mesmos" e se escondem "atrás de contos de fadas" – uma referência clara ao uso da fé e da doutrina para mascarar crimes e evitar a responsabilização.

A música utiliza metáforas fortes, como "morbid abuse of power in the garden of eden" (abuso mórbido de poder no jardim do Éden), para associar o ambiente religioso ao local do pecado original, agora corrompido por abusos reais. O verso "virginity has been stolen at very young ages" (a virgindade foi roubada em idades muito jovens) evidencia a gravidade das acusações, enquanto "eternal silence cries out for justice" (o silêncio eterno clama por justiça) expressa a urgência de romper o silêncio imposto às vítimas. Ao afirmar que "forgiveness is not for sale, nor is the will to forget" (o perdão não está à venda, nem a vontade de esquecer), a música rejeita a ideia de que o perdão pode ser comprado ou que os crimes podem ser simplesmente esquecidos. Inserida no contexto da série "The Embrace That Smothers", a canção reforça a crítica à religião organizada, mostrando como estruturas de poder podem sufocar a verdade e perpetuar o sofrimento.