Fantasia Herida

“Fantasia Herida”: quando a esperança quebra no amor

A dor aqui não é só um desencontro: é a fratura de uma ilusão que ele carrega como peso. Nascida como balada de Luis Ángel Márquez (1989) e imortalizada na salsa por Erick (Erick Franchesky) em 1991, Fantasia Herida usa um ritmo quente para narrar um abandono frio. Ele espera uma hora num bar e ninguém aparece; depois vagueia pela cidade e volta para casa de cara longa e mãos vazias. A queda emocional se cristaliza em “mi vuelo viene perdiendo altura” (meu voo vem perdendo altura), enquanto a teimosia de “yo no me rindo, cabeza dura” (eu não me rendo, cabeça-dura) só prolonga a dor. O refrão fixa a imagem central: a fantasia romântica, ferida, já não sustenta esperança.

A história revela um padrão de ausência — ele a viu três vezes no mês e, na quarta, ela sequer deu sinal — que transforma expectativa em desalento. Por isso soam fortes “mi récord cero en amor” (meu recorde é zero no amor) e “media cama vacía” (metade da cama vazia), símbolos de solidão. Há duplo sentido em “estoy loco por estrenarla” (estou louco para estreá-la): pode ser iniciar a relação ou consumá-la, juntando afeto e desejo. “No quiero… soplar margaritas” (não quero... desfolhar margaridas) recusa o jogo do acaso no amor; “voy perdiéndome por las calles” (vou me perdendo pelas ruas) expõe o descompasso de um mundo que, sem ela, perde o rumo. A voz melódica e intensa de Erick dá corpo a esse lamento, e a versão de 2025 com Nelson Arrieta confirma a permanência do tema: a fantasia quebrada do amor não correspondido segue doendo — e reconhecível — no tempo.