Fils d'assassin
Tel père, tel fils!
Aussi vrai qu'il y ait une justice,
Parce que quand même, c'est pas facile de venir au monde
Quand le vôtre est un voleur ou un assassin
On a des envies de n'pas bouger, de rester au chaud, de ne rien faire
Déjà honte de ses mains dans le ventre de sa mère
Qu'a fait l'amour avec quelqu'un d'pas bien.
D'ailleurs moi, je suis sûr que le fils d'un assassin
Ça n'a pas de bonnes manières, ses "areuh, areuh"
C'est pas comme les "areuh, areuh" des autres! Il les retient, déjà sournois.
A l'école, pour faire la ronde, pour tous il est fils d'assassin
Ah, si tous les gars du monde! C'est pas si facile de trouver une main.
Il ne veut pas grandir trop vite, il se cache hors du temps!
Déjà en fuite, l'air d'être ailleurs, soupçonné, misérable!
Déjà coupable ! Parce que de toute façon, c'est couru d'avance!
Ton destin est déjà écrit, tu es né graine de potence
Tu finiras comme on t'le dit.
Alors l'enfant est venu, tête basse, tête nue
Devant ces juges de rouge vêtus, sur leur estrade touchant les nues
L'enfant a dit :
- Pour le bien de la société, pour le bien de l'humanité
Je n'ai plus le droit de me taire, je viens ici reconnaître mon père.
Puisque jamais ne ment la justice, pour ne pas être tel père, tel fils,
S'il vous plait, je suis fils d'assassin, videz-moi la tête!
Coupez-moi les mains! Vous avez le droit de vous défendre
Même si pour cela il faut me pendre».
Alors l'avocat s'est penché vers lui et à voix basse lui a dit:
- Mais taisez-vous malheureux! Taisez-vous et ne restez pas assis!
Debout! Pour marquer votre déférence! Il faut marquer la différence.
Nous assis, vous debout! Mais surtout malheureux, taisez-vous!
Mais nous ne sommes pas là pour te comprendre,
Nous sommes là pour te juger! Et oui petit, puisque tu n'as rien à dire.
Tu aurais presque pu ne pas venir s'ils n'avaient pas eu tellement besoin
De ta bonne gueule de futur assassin!
Accusé, sachez-le pour la dernière fois!
Les lois héréditaires, les lois écrites c'est... mais c'est la loi!
Et nul n'est sensé ignorer la loi! Mais que comptez-vous sur vos doigts?
Alors l'enfant a dit:
- Nul n'est sensé ignorer la loi,
Monsieur le juge sur mes doigts, je comptais mes années d'école.
Peut-être bien que j'ai trop fait la farandole!
Mais de toute manière, ça n'aurait pas été assez
Pour apprendre toutes les lois que vous connaissez
De toute façon, vous avez tracé mon chemin, je suis né fils d'assassin!
Il est quoi le fils de physicien qui a inventé la bombe à neutrons,
La mitrailleuse, le canon? Il est fils de génie!
Et demain il sera génie lui-même pour le plus grand bien du genre humain.
- Allez, allez! Qu'on emmène l'accusé! Allez, allez, allez, allez!
Messieurs, il est l'heure d'aller déjeuner!
Filho de Assassino
Tal pai, tal filho!
Tão certo quanto há justiça,
Porque, afinal, não é fácil vir ao mundo
Quando o seu é um ladrão ou um assassino.
Dá vontade de não se mexer, de ficar quentinho, de não fazer nada.
Já envergonhado das mãos dentro da barriga da mãe
Que fez amor com alguém que não presta.
Aliás, eu tenho certeza que o filho de um assassino
Não tem boas maneiras, seus "areuh, areuh"
Não é como os "areuh, areuh" dos outros! Ele os segura, já sorrateiro.
Na escola, para fazer a roda, para todos ele é filho de assassino.
Ah, se todos os caras do mundo! Não é tão fácil encontrar uma mão.
Ele não quer crescer rápido demais, se esconde fora do tempo!
Já em fuga, com cara de quem está em outro lugar, suspeito, miserável!
Já culpado! Porque, de qualquer forma, é tudo previsível!
Seu destino já está escrito, você nasceu semente de forca.
Você vai acabar como te dizem.
Então a criança veio, cabeça baixa, cabeça nua
Diante desses juízes vestidos de vermelho, em seu palanque tocando as nuvens.
A criança disse:
- Para o bem da sociedade, para o bem da humanidade,
Não tenho mais o direito de me calar, venho aqui reconhecer meu pai.
Já que a justiça nunca mente, para não ser tal pai, tal filho,
Por favor, sou filho de assassino, esvaziem minha cabeça!
Cortem minhas mãos! Vocês têm o direito de se defender
Mesmo que para isso tenham que me enforcar.
Então o advogado se inclinou para ele e em voz baixa disse:
- Mas cale-se, infeliz! Cale-se e não fique sentado!
De pé! Para marcar sua deferência! É preciso marcar a diferença.
Nós sentados, você de pé! Mas, principalmente, infeliz, cale-se!
Mas não estamos aqui para te entender,
Estamos aqui para te julgar! E sim, pequeno, já que você não tem nada a dizer.
Você quase poderia não ter vindo se eles não tivessem tanta necessidade
Da sua boa cara de futuro assassino!
Acusado, saiba disso pela última vez!
As leis hereditárias, as leis escritas são... mas é a lei!
E ninguém é suposto ignorar a lei! Mas o que você conta com seus dedos?
Então a criança disse:
- Ninguém é suposto ignorar a lei,
Senhor juiz, com meus dedos, eu contava meus anos de escola.
Talvez eu tenha dançado demais!
Mas, de qualquer forma, isso não teria sido suficiente
Para aprender todas as leis que vocês conhecem.
De qualquer forma, vocês traçaram meu caminho, eu nasci filho de assassino!
E o que é o filho do físico que inventou a bomba de nêutrons,
A metralhadora, o canhão? Ele é filho de gênio!
E amanhã ele será gênio ele mesmo para o maior bem da humanidade.
- Vamos, vamos! Levem o acusado! Vamos, vamos, vamos, vamos!
Senhores, é hora de almoçar!