Assobio Meu (part. Gari Sinedima)

Resistência e esperança em "Assobio Meu" de Eva RapDiva

Em "Assobio Meu (part. Gari Sinedima)", Eva RapDiva transforma o assobio em símbolo de resistência silenciosa diante das dificuldades vividas pelo povo angolano. A escolha desse gesto faz referência à clássica canção de Teta Lando, ressignificando o assobio como uma forma de aliviar a dor coletiva e manter a esperança, mesmo em meio ao sofrimento. Eva utiliza exemplos concretos e linguagem direta para expor as desigualdades sociais, como nos versos: “Eu sou a neta da zungueira que eles batem sem dó” e “Eu sou a filha do soldado que lutou pela paz / Que hoje vê a sociedade a deixá-lo pra trás”. Essas frases conectam sua trajetória pessoal à de muitos angolanos, reforçando a identificação com a luta diária do povo.

A música também denuncia a corrupção e a falta de acesso a direitos básicos, como saúde e educação. Isso fica claro em versos como: “Nós só queremos vacinas / Nós só queremos saúde, mas nem sequer há seringas!” e “Eu sou a estudante com ensino mutilado / Porque o professor exibe um diploma que é comprado”. O contraste entre a ostentação dos poderosos e a miséria da população aparece em “Enquanto o barrigudo manda vir mais conhaque” e “Eles deitam picanha, raspamos latas de atum!”. Ao repetir “Um assobio meu é pra esquecer as malambas / Um assobio meu é pra esquecer nossas mágoas”, Eva propõe o assobio como um gesto de esperança e alívio, mesmo que passageiro. O refrão, inspirado em Teta Lando, reforça que, apesar das dificuldades, o povo angolano encontra maneiras de resistir e manter a esperança viva.